Flutuando entre axiomas e dogmas, descontruí o universo em sua infinita totalidade. Os princípios, dispersos no espaço-tempo infinito, buscam uma base sólida — uma tarefa impossível no panta rei de todos os Heráclitos. Os filósofos foram superados pelos físicos; a criatura sobrepujou o criador. No entanto, a imaginação, livre das rédeas do logicismo, transcende em alcance o pensamento do próprio pensamento.
Descartes, com seu "piloto fantasma", às vezes supera a frieza das tecnologias que monitoram a radiação do universo. A seta do tempo é implacável; o reverso, inalcançável na realidade concreta do presente. Sentimos apenas o passado, enquanto o futuro nos escapa, exceto em projeções matemáticas abstratas que transcendem os sentidos humanos. E, apesar de toda a lógica hominídea, seguimos conduzidos pela palavra.
Vamos sentar à távola redonda e nos imaginar iguais. Santa ingenuidade, e assim seguimos... Mesmo frente à matemática inconclusiva e à inconsistência da matéria que atravessa nossos sentidos.
Levanto uma taça tóxica para brindar a morte que circunda meu sistema atômico. Sei que sou eterno na composição dos átomos e subpartículas que me constituem. Na próxima jornada, poderei ser ave, peixe, ouro, platina, ou até material radioativo — homem, mulher, ou algo além. Tudo flui e dá forma ao devir.
A morte é uma complexidade simples: perdemos apenas o complexo campo de neurônios que se dissolve em partículas inomináveis no ciclo da imortalidade — distinta da eternidade. O animal implume de Platão desconhece a verdadeira saga: somos poeira cósmica em eterna transformação.