sábado, 15 de março de 2025

 

Atravessei a Floresta Negra — um labirinto de troncos retorcidos que sussurravam equações proibidas em dialetos pré-cósmicos.





Atravessei a Floresta Negra — um labirinto de troncos retorcidos que sussurravam equações proibidas em dialetos pré-cósmicos. Na mão, a lança de metais inversos vibrava como um diapasão sintonizado no vácuo quântico. Seu material, forjado em paradoxos, atravessava o espaço-tempo como uma agulha trespassando o véu de Maya. Os fungos que colhi ao longo do caminho não eram cogumelos, mas derivativos existenciais: espécimes que brotavam da carne úmida da realidade, capazes de decompor certezas em ácido lisérgico. Seus esporos brilhavam como micro constelações, revelando fractais de universos paralelos em suas guelras púrpuras.

Ao dobrar o espaço-tempo — operação feita não com máquinas, mas com um estalo mental —, o tecido do cosmos rasgou-se como um pergaminho envelhecido. E lá estava ele: O Gigante Gasoso, um colosso de hidrogênio e hélio cujas tempestades eram cicatrizes de guerras entre dimensões. Suas nuvens, em tons de âmbar e obsidiana, cantavam uma melodia gravitacional que desafiava a percepção humana. Sentei-me em um platô de cristal metálico flutuante, onde o ar era eletricidade pura, e observei a Terra — um grão de areia azulada orbitando um sol medíocre.

De lá, meu planeta natal parecia um acidente frágil: oceanos como lágrimas presas em vidro, continentes rachados como ossos de dinossauros fossilizados. As cidades? Pirilampos efêmeros, piscando freneticamente antes de se apagarem na escuridão entrópica. Enquanto os ventos do gigante uivavam sinfonias de destruição criativa, eu me perguntava: "O que é mais ilusório — a matéria ou o significado que lhe atribuímos?"

A lança, agora plantada no núcleo hiperbárico do planeta, começou a sangrar mercúrio invertido, um líquido que desafiava a seta termodinâmica do tempo. Os fungos derivativos em minha mochila pulsavam, lembrando-me que toda jornada cósmica é, no fundo, uma viagem de retorno. Mas para onde? À Floresta Negra? Ao útero do Nada? Ou ao cerne da própria pergunta sem resposta, que brilha no vazio como um buraco branco vomitando enigmas?




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