Uma Thurman & Hera Venenosa
Por que as borboletas, ao final da tarde, voam contra o vento?
Seria instinto, ou um desafio silencioso à ordem natural?
Alguém realmente acredita que o farfalhar das asas de uma libélula, perdida nos campos da Hungria, possa desencadear uma tempestade devastadora na América do Sul?
Os pólens flutuam no ar, leves como promessas não cumpridas, como o beija-flor que dança entre flores com uma estética que desafia a gravidade.
Uma Thurman imaginária emerge das águas, envolta em heras venenosas — símbolo de beleza e perigo entrelaçados.
O morcego, criatura da noite, alça voo carregando em si a maldição da hidrofobia, como se a própria água o rejeitasse.
As fêmeas humanas — guardiãs silenciosas dos segredos da jornada evolutiva — sabem, em sua carne e memória, os caminhos que o humano percorreu para chegar até aqui.
E eu, sozinho, novamente e sempre, tento decifrar padrões no caos do universo que me cerca.
Hoje não há lua.
Apenas insetos roçando minha pele, lembrando que o incômodo raramente vem de fora.
Eles não são o problema.
O problema talvez seja a ausência de sentido, ou o excesso de lucidez.
Alguém me diga: onde fica o paraíso?
Porque a realidade que me envolve é distorcida, distópica, mesmo quando ouço as canções mais belas que a humanidade já compôs.
Talvez eu seja apenas uma erva venenosa, destinada a ser esmagada pelas patas do cavalo de Átila, o Huno —
um fragmento dissonante num mundo que já não reconhece sua própria melodia.

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