sexta-feira, 19 de julho de 2024


Porto Alegre das aspirinas sombrias
 



Corpo frio atravessado na rua com aspirinas e dipironas intensas, a chuva intermitente empoça o chão terráqueo. Os pés dormem sem sentido na transversal existência oca da loucura cotidiana justificada no fluxo do mercado. Congelando numa Porto Alegre abstrata para fugir da realidade grotesca. Detritos orgânicos e minerais se espalham e acumulam em espaços a fora e a dentro. Gemidos silenciosos são matéria de visão na veneta submersão de todos os valores afogados pela tristeza & dor. Esperando na solidão sólida do ramerrão amargo, faz a película das vivencias se projetarem na tela incomensurável do esplim acumulado ao longo da linha do tempo. As articulações corpóreas já não obedecem a rede de neurônios eferentes. A visão do corpo nu na avenida significa o abandono, o desemprego & todas as dificuldades de viver num lugar de mau agouro que se multiplicam nos pesadelos infidaveis, infinitos. Até o canto dos sábias está soturno. Os pássaros fugiram da cidade, pois não sentem mais prazer em gorgear.  O poeta da melancolia dorme na imensidão dormente dos acontecimentos sob rivrotil, alcool e a solidão sólida. O bulício da cidade abochornada por suspiros passa desapercebido pelos poros da percepção. A venalidade dos sentimentos corroeu a esperança nos humanos. A política esturricou as utopias, as relações humanas afirmaram a distopia. Não existem mais hinos que entusiasmem as tropas modernas. A escrita evaporou na hodierna virtude cibernética. O pensar será um mero espasmo comparado a inteligência artificial que se avizinha. Seremos zumbis portoalegrenses procurando o sentido da vida, que nestes pagos não tem mais sentido...



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