Porto Alegre das aspirinas sombrias
Corpo frio atravessado na rua com aspirinas intensas, a chuva intermitente empoça o chão terráqueo. Os pés dormem sem sentido na transversal existência oca da loucura cotidiana. Congelando numa Porto Alegre abstrata para fugir da realidade grotesca. Detritos orgânicos e minerais se espalham em espaços a fora. Gemidos silenciosos são matéria de visão na veneta submersão de todos os valores afogados pela tristeza & dor. Esperando na solidão sólida do cotidiano amargo, faz a película das vivencias se projetarem na tela incomensurável do esplim acumulado ao longo da linha do tempo. As articulações corpóreas já não obedecem a rede de neurônios eferentes. A visão do corpo nu na avenida significa o abandono, o desemprego & todas as dificuldades de viver num lugar de mau agouro que se multiplicam nos pesadelos lineares infinitos. Até o canto dos sábias está soturno. O poeta da melancolia dorme na imensidão dormente dos acontecimentos. O bulício da cidade abochornada por suspiros passa desapercebido pelos poros da percepção. A venalidade dos sentimentos corroeu a esperança nos humanos. A política esturricou as utopias, as relações humanas afirmaram a distopia. Não existem mais hinos que entusiasmem as tropas modernas. A escrita evaporou na hodierna virtude cibernética. O pensar será um mero espasmo comparado a inteligência artificial que se avizinha.
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