Diálogos infinitos elevados a um googleplex num universo em parsecs, na raiz infinita de uma periódica refletida no espelho de Alice:
Os diálogos eram muito simples. Eu ficava sentado na mureta do posto de gasolina, observando os transeuntes ambularem. A cerveja era minha companhia na solidão eterna, mas na transoteridade, algum ser perguntava:
— Está tudo bem?
Minhas respostas eram desconectadas da "realidade" do senso comum, ou seja, não se coadunavam com o rebanho servil que ia e vinha.
— Você precisa de ajuda?
Não respondia nada. Ficava a pensar que tipo de pessoa faz uma pergunta do nada. Simplesmente continuava tomando cerveja, enquanto os seres em suas incompletudes se imiscuíam com seus pets, suas roupas de mercado, com seu consumo desenfreado ditado pelo marketing para aliviar seus vazios. Porra, quem é que está precisando de ajuda?
Talvez todos. Talvez ninguém. Talvez o universo inteiro esteja em crise de identidade, tentando se encontrar num feed infinito de selfies e frases motivacionais.
O céu, naquele instante, parecia rir da minha lucidez. Um azul desbotado, quase cínico, pairava sobre os carros que passavam como formigas apressadas. Um senhor de boné me olhou com estranhamento, como se eu fosse um glitch na matrix urbana.
— Tá esperando alguém? — perguntou, com voz rouca.
— Tô esperando o tempo me esquecer — respondi, sem olhar.
Ele riu, mas não entendeu. Ninguém entende. Porque entender exige parar. E parar é quase um crime nesse mundo que corre sem saber pra onde.
A cerveja acabou. O silêncio ficou mais denso. E eu, como um personagem secundário de um livro que ninguém escreveu, continuei ali. Sentado. Pensando. Existindo.


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