quarta-feira, 1 de outubro de 2025

 


Curo a harmonização com o caos cósmico irredutível... Os gatos quânticos repousam em sua contradição íntima, recolhidos à caixa de Schrödinger – vivos e mortos ao mesmo tempo, como se a indiferença fosse a única verdade. As partículas subatômicas erigiram-se em deuses dentro dos ciclotrons, desenhando mitologias invisíveis. Os físicos agora nos anunciam universos impalpáveis, paralelos que cintilam além da nossa realidade amarga, onde sobreviver é apenas estender-se às extremidades mais cruas do corpo. Ad náuseam, caminhamos de mãos dadas com o destino cruel: o espetáculo de um livre-arbítrio manipulado pelas engrenagens do cosmos e por suas quatro forças, gravadas nas escrituras da ciência.

E, contudo, entre o próton e o silêncio, entre a colisão e o abismo, resta apenas a consciência — esse clarão efêmero que ousa nomear o indizível antes de se extinguir no ruído eterno da entropia. A realidade, afinal, não é mais que uma miragem de esperança, um reflexo precário que se dissolve no niilismo e no sem-sentido da existência. Deus está morto, o ópio já se consome, e a civilização humana se aproxima, vacilante, do seu próprio ocaso.

Pessimismo? Não — apenas o registro lúcido das constatações que se acumularam ao longo do tempo: verdades partidas, incapazes de nos redimir, mas suficientemente lúcidas para nos condenar.


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