sexta-feira, 19 de setembro de 2025

 



Estou distorcido como o espaço-tempo à beira de um buraco negro. Procuro o húmus dos buracos de minhoca para transcender, atravessar portais e alcançar universos distantes. Mas o que me resta é observar a lua, plena e fria, sugando a energia dos oceanos para se afastar dos humanos.

A mentira e a verdade dançam em sincronia, cegando-nos ao real. A existência é uma corda invisível, dedilhada por um destino escrito em eras quânticas esquecidas. A teoria das cordas não me trouxe unificação, mas me lançou à corda do ringue: o palco não é de harmonia, mas de entropia.

Rastejo como ofídio entre homens, veneno pulsando em minhas presas. A poeira que levanto no deserto da mesquinharia humana denuncia a ganância do homo mercadus. As baleias, sábias, regressaram ao oceano muito antes, ao pressentirem o destino da evolução nas mãos dos primatas. O homem, soberbo, trocou o húmus pela carne, o equilíbrio pela violência, e sustentou sua arrogância num deus inventado — mito gravado em falsos livros de gêneses.

Ignorância, sangue e violência foram as moedas da fé-religião, cujo disfarce de espiritualidade sempre ocultou o real propósito: riqueza, poder, alienação. O sistema se perpetua, erguendo tronos para poucos e abismos para muitos.

Não me iludo com revoluções. Os explorados, ao tomarem o poder, logo se tornam novos exploradores. O mito de Sísifo continua, o círculo se fecha, o capitalismo se transforma para sobreviver. E assim, la nave va — navegando no infinito da repetição.

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