EPIFANIA ALEATÓRIA
Acordei num domingo qualquer, sem saber o que poderia acontecer, mas de repente uma nuvem plumbea tomou conta da minha historia, as expectativas se esfarelaram numa escuridão de sentimentos. As vozes estavam distorcidas e dissonantes como minha passagem na frente da felicidade, um espelho quase impossivel - Alice me chamou para viver o antiverso. O bar me chamava, o álcool se apresentava como solução para vencer mais um dia, os anjos decaidos iluminavam minha estrada na infinita procura de principios inalcançaveis. Nada bastava, a droga, os teclados, os tons a voz cristalina em busca da salvação. Os sinos badalavam, os sábias gorgeavam intesamente na entrada primaveril, as orquideas e bromelias começavam a florir, porém eu sem endorfinas, somente depressão agudizida, enxergava uma massa cinzenta de flores e pássaros, inerme ao passado inglorio estava preso a lembranças não meritórias. Quem separou o vinho da água, com quantos sentimentos se controem a felicidade propalada pelo rebanho humano. Pai afaste de mim este cálice, já bebi a cicuta do cotidiano e agora tudo sei sobre o que não poderia saber, que não queria ser, melhor ter mergulhado na sulfurica caverna de delfos e ter colocado cera nos ouvidos, assim como Ulisses. A odisseia nunca acaba, a respiração vital começa a falhar, mas navegamos nesta chalupa repleta de rum e corsarios imaginárias em buscas de tesouros. A terra do nunca fica logo ali, mas meus pais me repreenderam: - Retorne para o mediocre. Não, não tem mais cura, solução, volte remando com suas proprias mãos, o oceano não é para voce... Você não é capaz de achar o tesouro no arco-iris, contente-se com as migalhas que tão te esperando...
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