terça-feira, 30 de julho de 2024

 

 





Limite de Chandrasekhar




Estou confinado na gravidade da existência, numa conspiração do mundo subatômico que depreciou sua energia, restando matéria fria, sem emoção, apenas epistemologia, teoria do conhecimento. A natureza vibra fora deste limite, os fótons livres bombardeiam a matéria e sonham em colidir com a energia escura - ou o velamento da física que os pré-socráticos deixaram nas entrelinhas de seus tratados e poesias. 

O estado de coisas se resume a uma bolha intransponível que retém o transpassar transcendental kantiano. Prisioneiro de um imanente universo que flui no espaço-tempo eterno e relativo, sem Einstein, sem consumo de energia e matéria, apenas atualizando o singular nos campos inexpugnáveis de Espinoza, do perspectivismo nietzschiano que se integra no processo das dobras de Gileuze. 



II

A cabeça desnuda recepcionando ondas desinteligentes. A crueza do córtex é responsável pela ignara comunicação, interlocução. A matéria como último bastião da liberdade , não que a única solução seja o materialismo, mas quiçá a transformação de matéria em energia eterna sem consciência antropomórfica e caso não seja possível, ainda resta o plano b: - A dualidade da Luz; ora energia, ora partícula...

A memoria-junkie tinha um sonho ou no sonho tinha uma memoria-junkie, mas o certo foi que acordei com a imagem de um cavalo copulando com uma mulher. A lascívia feminina era dirigida pelo equino que com seus olhos imperturbáveis enfiava seu pênis quase infinito na flor da gravidade curva e paradoxalmente quântica. Os fótons, os quarks, os léptons, os bárions, gravitons... que formavam o corpo da espécie humana feminina, regidos pelas quatros forças que ordenam o universo, de acordo com a teoria das cordas, construíam a figura da fêmea abrindo a boca, revirando os olhos e colocando sua língua vermelha sex appeal em movimentos sinuosos, rápidos como as ondas do estágio do sono REM. Os raios solares invadiram a lucarna, levantei do colchão surrado, os olhos cansados se depararam com o aquário cheio de hippocampus grávidos; os machos cuidando dos filhotes e as fêmeas livres para agirem no meio fluido....





III

Crianças haitianas comem bolachas de barro secado ao sol com um pouco de sal para torna-los mais palatáveis. Em Manhattan um executivo acompanhado do seu Ceo são responsáveis por fraudes financeiras que desequilibraram a maior economia capitalista, mas indiferentes a isto, degustam algum acepipe extravagante, harmonizado por um vinho que expressa sua qualidade em duas unidades de mil dólares. A globalização, o sistema financeiro está garantido, ou melhor, as transnacionais não irão a falência, pois a mão invisível do estado ofertará bilhões de dólares dos impostos da população. 

A periferia globalizada se desfaz de suas riquezas minerais e humanas, os primeiros explorados e exportados por empresas supranacionais, que espalharam seus sustentáculos sobre os territórios nacionais precarizados; os segundos são dilacerados pela fome, pelas doenças tropicais, pelas calamidades antiecológicas e governos levados a cabrestos pelas elites associadas aos capitalistas do centro. Para piorar a situação, os países periféricos com vastas fronteiras agrícolas, tem os preços de seus produtos controlados por bolsa de valores estrangeiras que manipulam artificialmente os valores.



IV

No final estaremos todos dentro do limite de Chandrasekhar, seremos eternas anãs brancas a esfriar num universo configurado pela Teoria das Cordas, seremos sons originários do dedilhar do destino, estamos aferrolhados e pré-determinados pelas quatro forças que governam. Querer ultrapassar isso é ficar retido na singularidade de um buraco negro, numa densidade infinita, onde nem a luz escapa. Não tenho boas notícias ou consolos para os humanos e qualquer outro ser que possa existir, estamos condenados a solidão terrível da massa que forma o universo tanto dentro como fora do limite Chandrasekhar ....


M_{Ch} = \frac{\omega_3^0 \sqrt{3\pi}}{2}\left ( \frac{\hbar c}{G}\right )^{3/2}\frac{1}{(\mu_e m_H)^2}.


onde \hbar é a Constante de Planck reduzida, c é a velocidade da luzG é a constante gravitacional universalm_{H} é a massa do átomo de hidrogênio, μe é a massa molecular média por elétron, e \omega_3^0 \approx 2.018236 é a constante matemática relacionado a equação de Lane-Emden.

THE END   
 

segunda-feira, 29 de julho de 2024



Vaticano, Física Quântica, Arte & Barbáries



O sol vermelho com suas tempestades ao amanhecer pede poesia dentro do meu córtex. Não consigo mais ver a beleza nas coisas que tem um fundo igual, ao perceber a transparência com uma mente livre. Elas somente se diferenciam no antropomorfismo, nos valores que os mais fortes dão para que seus sistemas funcionem. Olhamos as belas obras da igreja católica, todo seus adornos de ouro, a indumentária do sacristão, nos coloridos dos bispos e do vestuário sumptuoso  do papa. Vemos coloridos, pompa e luxo. Nossos olhos se maravilham com artistas como Da Vinci, Rafael, Miguel Ângelo, Bernini & tantos outros que espalharam as genialidades sobre/sob o estado católico. Se ficássemos presos a esta faceta cultural-artística-religiosa,  poderíamos nos orgulhar da essência humana.



O problema começa quando ao redor deste núcleo de ouro, a arte e orações surgem Torquemadas. Fazendo fogueiras de homens, fervendo em óleo os hereges, torturando dissidentes da santa doutrina cristã. Iniciam-se.  Cruzadas em nome da religião, mas o que está por trás dos "santos" cavaleiros - Escondem-se a ideologia das pilhagens. Invasões de países, intolerância e assassinatos em massa... Atualmente o sangue foi estancado, de vez em quando pinga dos interesses econômicos do vaticano, mas a pedofilia encontra abrigo sob o símbolo da cruz & Papas entram & Papas saem e os discursos se tornam inócuos quando confrontados com a realidade.



Quanta barbárie, quantas injustiças em toda parte - guerras, fomes, opressão. O belo, o sublime, o horripilante são formados pelas mesmas sub-partículas físicas, movimentadas pelas quatros forças do universo. Fico pensando no ser que não encontro na ontologia de Heidegger, na filosofia grega, em especial no imóvel ser de Parmênides ou no Panta Rei de Heráclito, mas sinto uma estranha sensação de preenchimento quando o álcool lentamente invade meu corpo e se manifesta concordino com minhas visões de William Blacker. Claro que minhas alucinações reais não tem deuses nem seres míticos. Contudo se manifestam nos entes da física quântica, seres matemáticos, lógicos que encontram realidade exata nas sinapses da minha mente - mente no sentido darwiniano - sinto que a transformação da minha energia consciente está chegando ao fim. & como Epicuro não estou preocupado com thanatos, pois quando ele está eu já não mais estarei e isto me é indiferente....

  
O sol se levantou mais uma vez, contrariando Hume, se levantou mais cedo e bordou de rosa o horizonte, a matéria escura. Ela ocupa uma parte do meu pensamento, entrementes, Neil Young com sua Cinnamon Guirl ecoa no computador. A cabeça gira após doses cavalares de vodca na madrugada, mas nada de novo no front, sempre condenado por ser humano e La Nave Va de Felinni e a Nau dos Desesperados me deixa numa ilha para respirar a solitária solidão... Sou um naufrago, mais um idiota separado da multidão de imbecis, melhor seria ter nascido ou evoluído no espaço-tempo como uma pedra sem valor....






LA NAVE VA




quarta-feira, 24 de julho de 2024

 

 

Milhares de Drones Sobre a Cabeça...

 

#GazaUnderAtack...


#IsraelTerroristState




#GazaUnderAtack... 


Hiroxima ... Guernica ... Ukraine...

ADORNO de Crueldade

Não Haverá Poesia Depois de

Auschwitz






Syria... Fukushima... Palestina...

O Mundo Está Ficando Hipócrita & Cruel...

Não Haverá Sorrisos, Somente Destruição  

#GazaUnderAtack





#FREEPALESTINE

Liberdade a Homens, Mulheres....

#FreeHammond #FreeChelsea

Liberdade aos Povos...

Liberdade à Verdade...






Trancafiem os Senhores da Guerra...

Os Capitalistas...

Os Genocidas...

Arrest Netanyahu


Fuck The Corporate World

























 
 

terça-feira, 23 de julho de 2024

  

Projeto Cientifico de Auto-Destruição ou Deus-Nada-Infinito II




A última vez que falei com Desgedder senti que estava meio depressivo. Seu rosto se parecia com o Cavaleiro da Triste Figura, mas sem as ilusões do romântico personagem. Bem ao contrário do quixotesco personagem - que se alimentava de sonhos e moinhos. Seus lábios estavam roxos - quase negros. Sentamos ao redor da mesa do bar.  A nossa conversa foi regada com cerveja e varias doses de whisky. Desgedder estava com ideia fixa na morte, para ele a existência é uma invenção da natureza. Os homens existiriam para que o universo desse gargalhadas da sua fragilidade, da sua arrogância.

D: - Vou abrir o jogo pra ti. 

Alguns minutos de silêncio, algumas doses de whisky e cerveja para amenizar o calor insuportável. Quando voltei a olhar diretamente para D. ele fazia um movimento da mão até boca. Pude ver que ele tinha comprimidos na mão, mas logo desapareceram em direção ao estomago. Retomou o folego e começou a expor seu segredo:

D: - É difícil falar... Bem,  mas parece que você é capaz de guardar segredos e não interferir na vida de terceiros.

- Só interfiro, quando posso ajudar e, assim mesmo, quando há concordância.

Depois de mais uma pausa, D. começou a expor seu segredo: 

D: - Na realidade, estou obsedado - com ideia fixa na morte. Li o livro Tibetano dos Mortos, Bardo Thodol, pensando que teria alguma resposta, um consolo para suportar a realidade tão pesada em que vivo. Mas fiquei ainda mais decepcionado com tanta projeção de ilusões - de que temos uma transcendência após a morte.

- Bem... A filosofia oriental, o budismo tem na sua essência a reencarnação, o Karma e o Darma. Se você não acredita em espiritualidade e transcendência escolheu o livro errado.

-Sim... É verdade. Você sabe que sou ateu, mas  acreditei que encontraria na  sabedoria oriental  um pouco de suporte neste momento caótico...


Desgedder levantou e foi em direção ao banheiro. Por momentos, pensei que ele estava flutuando, levitando. Ao voltar, disparou uma frase que congelou minha racionalidade e sentidos. Apesar de tempos em tempos este tema rondar meus pensamentos:


D: - Cara. Estou a fim de um suicídio...

Desgedder novamente levou a palma da mão em direção aos lábios e engoliu mais uns comprimidos. Solicitou que o garção deixasse a garrafa de whisky na mesa e continuou:

D: - Falando sério. Não vejo mais sentido na vida. Não tenho inspiração para fazer nada a não ser a minha própria destruição... Não devia ter me aprofundado tanto em teoria quântica. Primeiro foi o encanto com um mundo infinito de possibilidades. Achei genial a frase de Heisenberg: "Vivemos a Era da Incerteza". Porém aos poucos fui percebendo que o homem não tem nada de concreto sobre o universo. Somos joguetes das forças da natureza. Tudo que me ensinaram era apenas distração para desviar meu pensamento da morte.

- Bem, não sei o que vou falar vai produzir resultado no seu animo, na sua vontade - que procura intensamente o nada. Confesso que já passei por um período depressivo violento - após a abstinência de heroína. Não aceitei que me levassem para nenhuma clínica. O  que me ajudou a escapar desta foi a natureza pura, esta que você diz que nos somos joguetes.

D: - Fale... mas não vai adiantar...

- Well, em meio a Tempestades & Tormentos & desejo do Deus-Nada-Infinito, me caiu nas mãos um livro de Schopenhauer, O Mundo Como Vontade e Representação. Schop foi muito influenciado pela filosofia oriental, que entre suas inúmeras passagens de sabedoria discorre sobre a vontade. O Karma seria o ciclo vicioso da vontade. Estamos num ciclo interminável, cada vez que saciamos uma vontade surge outra. Hodiernamente o Mercado soube canalizar - o eterno retorno - para o consumo. O sistema   de 
Palingenesia, tão bem sacado por Nietzsche, virou a filosofia da máquina que tritura os sonhos e escraviza o homem atual, ou seja, o capitalismo e o deus mercado.


D: - Mas, isto só reforça meu desejo do nada.

- Desculpe, já ia me enrolando em  ramificações, mas vou ser objetivo. Schop diz que a única maneira de você driblar a vontade e ter contato com o Ser Verdadeiro é por meio da admiração da natureza pura. Ele menciona também as artes, principalmente, a música como possibilidade de momentos de união com o Sein-an-sich. Tanto foi... que seu herdeiro mais imediato elegeu a música e as belezas naturais do sul da europa como seu trampolim de salvação do grosseiro espirito germânico e da decadente cultura tedesca.

D: - Nietzsche disse: "A vida Sem a Música seria um erro". Falou porque não conhece o que temos hoje... 


- Imagina.. Teria se matado, Ops, não deveria mencionado isto...


D: - Não te preocupe, pois o que você me disser não vai fazer efeito, já tomei uma decisão. Vou cometer suicídio mais cedo ou mais tarde e isto está baseado em teorias, em tudo que aprendi com a Física quântica... Diria que é um suicídio cientifico.   

- Se isso te serve de consolo, já tentei algumas vezes... já que estamos num diálogo franco- alcoólico .. Sempre fui incompetente, talvez por ter tentado a versão feminina. Não sei quantas vezes utilizei soníferos e álcool e sempre acabei acordando em alguma emergência de hospital. 

D: - Veja bem,  o que está acontecendo. Em vez de você tentar me convencer o contrário, sinto que estou te influenciando. Quem sabe vamos para o teu Deus-Nada-Infinito juntos?



- Vou te responder usando a tua especialidade, a física quântica, o mundo é um infinito de possibilidades. Convença-me... 

O dialogo perdurou por mais algumas horas e algumas garrafas de cerveja e doses de whisky. Desgedder usou sua convicção em relação ao suicídio, sua teoria cientifica de automutilação para me convencer. Confesso que depois de meus neurônios serem invadidos por um exercito de moléculas etílicas...vacilei. Porém sabia que o meu principio de auto conservação era mais forte que o de D.  Não sei se isto me transforma em covarde ou herói, mas o que tenho de concreto é o oxigênio que entra nos pulmões, a música de Mahler e o copo de absinto - que me acompanham enquanto escrevo este texto-maxikoan. Quanto a Desgedder faz um mês que não o vejo... certamente, ainda não executou seu projeto cientifico de autodestruição, pois as notícias ruins viajam a velocidade da luz...





MACHADO DE ASSIS:
"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria"






 

  As emoções que me contaminam - vivem pararelamente na nebulosa de boomerang. ("A nebulosa do Bumerangue é conhecida como o lugar mais...