Estou distorcido como o espaço-tempo à beira de um buraco negro. Procuro o húmus de um túnel de minhoca para transcender, atravessar universos distantes, mas o que me resta é contemplar a lua cheia, a cem por cento, sugando energia dos oceanos - enquanto se afasta lentamente dos humanos. A sincronia entre mentira e a verdade nos cega, impedindo-nos de perceber o que realmente se move por trás da existência ou mesmo pelo front. Esta, por sua vez, é como uma corda invisível, dedilhada por um destino que já ecoava em priscas eras quânticas.
Rastejo como um ofídeo entre humanos envenenados pela própria peçonha. A poeira que ergo no deserto da mesquinharia hominidae apenas revela a ganância que exala do homo mercadus. As baleias retornaram ao oceano depois de cruzarem com o homo sapiens, ou talvez muito antes, quando pressentiram o destino que a evolução teria nas mãos desses primatas. Deixaram de ser herbívoros e passaram a nutrir-se de sangue & carne. E nós, justificando nossa suposta racionalidade, colocamo-nos acima da zoologia, amparados por um deus imaginário.
Quanta ignorância e violência se espalhou em nome do sistema-fé da religião, cujo verdadeiro objetivo sempre foi o mesmo: riquezas, poder, alienação das massas e perpetuação de um domínio que concentra tudo nas mãos de poucos. Ainda assim, não me iludo com revoluções: o poder, cedo ou tarde, retorna às mãos dos novos mandatários — antigos explorados que, ao assumir o trono, tornam-se exploradores & opressores, ou seja, a essência humana. O mito de Sísifo permanece, o círculo vicioso não se rompe, e o capitalismo segue se adaptando...


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