terça-feira, 20 de agosto de 2024

 

A Cabeça de Nietzsche


Nietzsche Odiou e Amou Wagner...




Esta Frase Sintetiza a Obra do Filosofo - assim foi com o Cristianismo, com Lou Andreas-Salomé... 

A contradição gera a dialética, a dialética nos lembra Heráclito que disse: "Panta Rei" - hoje nos sabemos que tudo flui, tudo muda... O Universo Newtoniano foi readaptado a uma nova exigência da ciência do século vinte e mesmo Einstein que o modificou teve que fluir e admitir que o Universo não era estático e sim estava em expansão. Este processo do fluir continuará até que o último Ser da humanidade pereça por uma catástrofe natural ou artificial - e ai - não restará mais nada, pois teorias só servem para os homens, pois para o restante do universo elas são indiferentes, assim como os Deuses de Epicuro Ignoravam a Humanidade... 




 




A Cabeça de Nietzsche



Caminhava pelo basalto que margeava as veias asfálticas, um varredor vassourava as flores lilases dos jacarandás, dispunha em figuras geométricas - um esteta-matemático-prático. As ruas sulinas encanavam o vento que adejava minha jaqueta de veludo - uma capa surrada de anti-herói.  Apesar de bandarrear - tinha um projeto. Consistia em fisiologicamente tentar reproduzir o cérebro de Nietzsche para melhor compreender sua filosofia. Seria como cortar a própria carne - cobaia e cientista ao mesmo tempo. Depois de ler alguns livros e assistir uns Youtubes do filosofo - iniciei o processo.

Selecionei quatro fatos de Nietzsche que achei fundamental para o intento:

a) Pegar a doença venérea denominada sífilis.

b) Abusar de narcóticos.

c) Manter relações sexuais com profissionais do sexo.

d) Ser abatido por uma paixão violenta de uma mulher bela e inteligente e ser desprezado pela mesma.


O objetivo foi alcançado. O item a e c se complementaram - bastou se relacionar sem o preservativo. O item b não tive dificuldade - já tinha uma larga experiência - foi só intensificar as doses. O mais dificultoso foi o item d, mas consegui achar a minha Salomé. O coquetel explosivo me transformou em nitroglicerina pura. Cefaleias constantes, vertigens, misoginia, solidão ao extremo, sentimento de que a escala de valores morais deveria ser invertida.





A partir de Agora, Tudo o que Você Ler, Será Sob o Efeito da Experiência denominada: 

Cérebro de Nietzsche 

Resolvi extremar de vez. Fui a uma região montanhosa e me embretei em uma caverna com cheiro de amônia, causada pela urina dos morcegos. Levei muitos cadernos e canetas para as auto-observações. Sentia Zaratustra incorporar no meu espirito. Estava livre da moral de rebanho, dos fracos e dos racionalistas que negam a vida. Ouvia uma catadupa que distava alguns quilômetros, era a voz da natureza, de dionísio no seu mais alto esplendor. Logo nos primeiros dias fiz amizades com serpentes e águias. Comungavam dos meus filosofemas. Assim como eu desdenhava dos racionalistas, dos fracos, dos cristãos, dos moralistas - elas abominavam as corujas, os caprinos e as ovelhas domesticadas. Mantive muitos diálogos com  Aves de Rapinas e Víboras. Abaixo mostro o último:




Zaratustra - Admiro vossas naturezas que mostram o vigor puro do instinto, a aretê da Antiga Grécia, anterior a Sócrates...


Serpente - A minha espécie usa de dois dispositivos para existir, os maiores ofídios tem a força, a constrição para esmagar  e capturar as presas ou vitimas como queiram;  já os menores usam a complexidade molecular  da peçonha, do veneno para imobilizar as vitimas, para devorar nossas presas, fazemos sem culpa, sem ressentimentos, pois nos apoiamos na lei do universo em que a força maior se imporá sobres outra menores... 




Zaratustra - Mas note bem, apesar da força maior sobrepor as outras, ela conserva as menores, soma para criar mais vigor...


Serpente - Então deve ser por isso que me sinto mais forte, mais completa a cada vitima digerida...


Águia - Vocês podem me enxergar menor quanto mais alto eu voo, mas lá de cima respiro o ar mais puro, enxergo minhas vitimas para predar com mais precisão.


Zaratustra - Meus novos amigos, vim para este lugar para ficar longe do ar pesado, do azedume da moral dos homens, do mundo artificial que contamina com seu veneno até o último átomo.


Serpente: Qual sua presa?


Zaratustra - Minhas presas preferidas são a moral de rebanho,  a promessa de um mundo melhor no futuro, tanto da ciência como da religião. Precisamos viver o agora com força, sem culpa, enfrentar as tragédias como afirmação da vida.   



Águia - Minha espécie não tem moral, pois conhecemos que a única verdade do universo é o instinto, a força.



Serpente - Concordo. Inclusive li um de seus filosofemas caro Z., companheiro de viagem, achei muito interessante e adequado o vosso aforismo: "Aquilo que não me mata, só me fortalece". Achei muito apropriado a nossa espécie...



Zaratustra - Bem meus caros amigos, sinto muito em comunicar que vou ter que deixá-los, pois preciso mais um tempo junto ao imitador rebanho servil ( imitátprés, servúm pecus), necessito de mais elementos sobre o Pathos-Cristão para melhor elaborar a transmutação de todos os valores humanos. Senti-me tão a vontade entre meus iguais - difícil me despedir....




Comecei o caminho inverso, abandonei a caverna que me deu guarita e as Águias e Serpentes que me fizeram  companhia. Descendo a montanha em direção a cidade, comecei a lembrar que havia dinamitado todas as pontes. Tinha vindo com o proposito de me afastar da mediocridade, dos parasitas da razão, da moral, do cristianismo, da mulher que me havia rejeitado. Na realidade, o devir vai repetir o passado e o presente - É o Eterno Retorno... Pensamentos autocríticos começaram a me perturbar,  pois sentia no fundo da minha alma que a estada na montanha tinha sido inútil.
Estava me tornando um hipócrita, com efeito, queria os prazeres mundanos: álcool, narcóticos e prostitutas. As Cefaleias haviam se agudizadas, não ia mais sofrer, me tornar um estoico, um cristão me penitenciado, enquanto os prazeres me ofereceriam um paliativo....
Resolvi abandonar qualquer projeto filosófico e me deixar levar pelo prazeroso rio de Heráclito, que no seu fluir dissolve todas as metafisicas, todas as morais e constrói uma ontologia do prazer, da carne, da vontade de potência...  

Friedrich Nietzsche:
There are no facts, only interpretations.

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