domingo, 30 de junho de 2024

 

As Máquinas Capitalistas, 

Deus Mercado,

Senhor Deus dos Desgraçados






Homens autômatos, tontos como baratas borrifadas de inseticida são fantoches do manipulador deus mercado. Drágeas, comprimidos, cápsulas de todas as matizes e todas funções são engolidas com líquidos edulcorados, corantificados, quimificados - sugados de latas de cores flamejantes. O sistema humano precisa girar - o movimento do planeta não é suficiente. Os rios secam nas planícies e os mares ganham volume pelo degelo. O paraíso se tornou inferno. As manchetes das corporações midiáticas sorriem com tanta  desgraça. Sangue jorrando & contaminado, poluição, devastação, estiagens, mortes, mudança climática & dor são amortizados pela alienação. Antibióticos, corticoides e feiticeiros diplomados e outras artificialidades da ciência não conseguem vencer a magia primária. Que sina, o antes símio agora homos sapiens foi obrigado pelo destino percorrer o "progresso" das elites.  Manipulado pelas quatros forças do universo, o bípede inventa teorias para justificar o mito do livre-arbítrio e assim justificar o sangue derramado para defender seus títulos de propriedade.  Um vazio para o universo - uma inflação de ego para a humanidade. A única maneira de lidar  com o homem de bem com justeza é com cinismo acido, ou melhor, o cinismo do cinismo: - A zombaria...



Em cada homem a religião ocidental colocou uma cruz, em cada comportamento animal-humano a ciência inventa uma psicologia, a cada dúvida a vanguarda cientifica coloca o infinito. Como é terrível ver os homens no fundo do abismo de suas engenharias politicas-sociais-econômicas. Ver a babel codificada dando esperança que o pré-determinado possa ser transformado. Os sistemas tendem para a autodestruição, a humanidade é um sistema, um jogo de dados do que chamamos universo. O acaso pré-determinado é a causa que atormenta o sonho de liberdade, mas os grilhões são perpétuos na finidade humana. 



Como é atual Castro Alves, mas estendido a todos os homens: 


Senhor Deus dos desgraçados


Dizei-me vós

Senhor Deus

Se é loucura, se é verdade tanto horror...




 

  

A Partícula do Inferno
ou 
 Vazio das Palavras



Existem corpos que são ungidos pela assepsia moral e higiênica. Os pés são límpidos, lavados pelas mãos purificadoras de um santo cristo. Em outros, o corpo apodrece, as drogas e o álcool corrompem as entranhas, os pés caminham sem destino na loucura - Que transborda. Nada acalma minha verborreia. Nem a abstinência, nem o excesso. As palavras são jogadas sem destino, sem etimologia, em busca de uma veneta que possa purificar o destino pré-determinado da humanidade e sua sina de espinhos religiosos, científicos ou de sua própria natureza, ou seja, existência, dor & morte... O sangue, simbolo da vida, da extinção, da teologia, transporta em minhas artérias e veias a peçonha que alimenta meu inferno particular. As falanges aos poucos perdem as batalhas entre o tato e as teclas. O vinho doce e vagabundo escorrega pela garganta do soldado raso, que age como general. O meu exercito bate em retirada, mas o figado resiste bravamente a todas toxinas e demônios que o capitalismo e o deus mercado possam inventar com sua livre concorrência... Rimbaud se calou depois que percebeu que as palavras que movem o mundo não são as que preenchem os papeis, mas sim as  dos aventureiros que amputam uma perna em busca da ação - Em que os verbos edulcorados são inúteis. O verdadeiro logo está em cada pétala, em cada semente, em cada cadáver em putrefação, em cada vírus e bactérias que devoram as moléculas humanas. Poetas, escritores do nada, convido a impregnarem nos seus corpos  álcool, drogas e toda escatologia inefável do léxico do Hades. Provem os miolos de lúcifer, crucifixem sua própria mãe, cure suas feridas com a língua de mamífero. Lamba a morte  do seu pai, causado pelo revolver do amante de sua progenitora. Semeie seu jardim com as flores do mal de Baudelaire, beije as pútridas sepulturas dos poetas malditos, se torne um faquir e deite numa cama acúlea. Descubra o sentido da vida enterrando seu corpo vivo no pântano mais tenebroso do pior pesadelo. Descubra que a racionalidade é um fantoche do irracional e a loucura é a única liberdade permitida ao bípede implume. Prove os vermes que os urubus recusam. Saboreie as carcaças que as hienas rejeitaram. Seja você mesmo, ou melhor, não seja nada, apenas o vazio das palavras dos filósofos ou a fraude teórica que habita o córtex dos cientistas. Quiçá, você consiga chegar a coisa-em-si, que Kant recusou, quem sabe ache o ser, o substrato, a partícula das partículas, materialize o bóson de higgs. Viaje pelos tubos da teoria das cordas, sentado num fóton... Quanto a mim vou ficar sentado enfrentando as bebedeiras, as toxicidades plásticas, os vômitos do consumo, a náusea do existencialismo de Sartre...  



 

sábado, 29 de junho de 2024

 


 Paralipomena

Underground, Escrever, Write... 





Escrever é como xadrez, você apreende alguns movimentos e já pode jogar. Não precisa de "inteligência", não precisa ganhar o jogo - apenas jogar, apenas escrever.... Porém, para jogar letra no papel, precisa-se das entranhas, jogar os fluidos glandulares no texto, nas entrelinhas. É preciso o arrepio da beira do abismo, a depressão da mais profunda fossa oceânica, o aroma das pétalas, o odor tenebroso das carcaças em adiantado estado de putrefação. Satã será vossa companhia na solidão escritural. Escrever só é possível nos infernos pessoais, no érebo, por baixo da terra, numa cova rasa, na singularidade de um black hole. Astronautas não escrevem quando estão no espaço. Emitem ondas que viajam pelo vácuo de sentido com suas vozes codificadas.  A matéria-prima do escrever só pode ser ceifada numa selva psicológica de desajustados, colhida nos trigais de Van gogh, na loucura de William Blake, na dantesca sociedade humana. Se você quiser manter seu figado intacto, livre de cirrose,  de hepatites, de tumores destrutivos, apenas, fique na superfície, escreva para os jornais, para a big media, para as vitrines dos shoppings. Um movimento errado no xadrez você perde o jogo, um erro de sintaxe pode gerar um estilo. Um defeito no escrever pode, como um grão de areia na ostra, virar uma perola. Não se preocupe com a gramática, pois quem escreve conforme as leis é apenas um alienado que tolhe o ser que se manifesta na linguagem-livre-fluida. O escrever precisa de liberdade, de álcool, de loucuras e rompimento com status quo. Transgredir deve ser uma constante. A morte será uma conselheira valiosa. O escritor deve  usar seu corpo no submundo, no Underground, nos excessos tóxicos. Deve fazer como Aldo Huxley, na hora da morte, aplicar 100 microgramas de LSD, via intramuscular. Para aprofundar seu texto, faça como Hölderlin, fique décadas trancafiado na torre, às margens do rio Neckar, escrevendo poemas. Escrever é ser expulso de Harvard, promover uma experiência psicotrópica como Timothy Leary. Escrever é imaginar o fim do mundo, voltar no tempo na hora do big-bang. Derramar letras no papel é fazer como Lima Barreto, colocar o fígado em exposição para ser derretido pelo cinismo da sociedade. Escrever é urinar nos túmulos dos poderosos, jogar fezes na coroa da rainha.... 




 




Metafísica Que Transpasse Todos Os Valores Humanos







Ultimamente procuro uma metafísica que transpasse todos os valores humanos, que moteje da moral, da ética. O homem não escapará do escarnio e o próprio escarnio será zombado. Seria uma transposição do sentido dos sentidos para administrar a "mente". Sabemos que somos iludidos duplamente. Então, uma pergunta se faz necessária: 

- Porque seguir este modelo de ilusão mente/sentidos?

Só não sabemos se para mudar devemos deletar toda cultura, todo o pensamento gerado no ocidente/oriente. Temos o intuito que as duas esferas do conhecimento humano nos levarão a uma catástrofe total. Precisamos puxar o freio do planeta. Apreendemos a ética e a moral. Impregnamos na mente todas as racionalidades-teológicas-éticas de Kant e dos mais variados religiosos, porém nosso corpo sorri matreiramente, sabe que a causa dos nossos comportamentos e costumes derivam diretamente da matéria-energia. As Leis Humanas baseadas na razão - não são capazes de evitar, suprimir a força da carne pré-determinada e da vontade do universo:

- Este é  o Espírito das Leis?

- Não é Montesquieu?






De um lado a ética, a moral e a razão. Asseveramos todos os preceitos das brochuras douradas dos livros sagrados da teologia, da imaculada racionalidade... No entanto, na primeira oportunidade de lucrar, de exercer o prazer da carne, as páginas lustradas das santas escrituras jorram o lânguido suor do prazer, da carne, do consumo. O homem com sua escala de valores artificiais produziu o rompimento de sua natureza. A saída da essência resultou na multiplicação geométrica das desigualdades, chegando até mesmo construir uma hierarquia de subespécies dentro da classe  animal implume e bípede de Platão. A sociedade de classes criminaliza, reprime, impõe a miséria. Estamos a ponto de retirar a maior parte da humanidade do topo da categoria animal e colocá-la junto com os demais mamíferos. 





De outro lado a consciência forjada a ferro e fogo fátuo, artificialmente, serve como escudo das "tentações", ou seja, as necessidades. Contanto, os ideólogos do capitalismo, sabedores da realidade que move os humanos, construíram um sistema de propaganda e marketing que explora o motor humano da vontade. Com isso fabricam produtos para gerar consumo-fake. Já não bastasse as filosofias que dividem o homem em corpo e mente, agora ele se acha angustiado. O meta-consumo ou a meta-necessidade   criou um desenfreado ter que afoga o ser.  Por isso precisamos de uma metafísica que perpasse toda racionalidade, toda Ética... Precisamos resgatar o homem da ideologia que o escraviza. 







 

sexta-feira, 28 de junho de 2024


Três Menos Um Igual A Dois
A Matemática do Destino




Os dias continuarão ensolarados, nublados, instáveis. As pontes estarão transportando veículos, pessoas de um lado para o outro. O que existe atualmente existirá no futuro e existiu no passado, porém com as configurações díspares na timeline  do espaço curvo de Einstein. O objeto será percebido pelo observador. O observador terá a sua verdade diferente da verdade de outrem observador.  A coisa-em-si nunca será acessível ao sujeito, até porque ela não existe no real, apenas nos livros teológicos e filosóficos. 

- Pensa rápido. Não tenho muito tempo. Em quem atiro?

- Calma... Uma decisão deste quilate não pode ser deliberada com rapidez.

- Mas você não é humano?

- Sou, mas além disso e por isso, preciso ponderar, colocar a razão e a emoção na balança.

- Que mania você tem de valorar, julgar, medir. Deixe o emocional, o irracional invadir seu ser.

- Mas de certa forma é isso que faço. Sentimento e irracionalidade são a base do racional.


A luz lunar, o plenilúnio, invadia as basculantes com rendilhas de vidro encardidos, sustentadas por ferros carcomidos encravados na antiga estrutura de tijolos à vista. O armazém, no pier depreciado pelo tempo implacável, inerte economicamente,  esquecido, mergulhado na eternidade instantânea, lambido pela água sinistra e deletéria do rio nevoso e agitado pelo vento incorpóreo, emanando uma atmosfera sobrenatural, cerzia três almas que formavam um triângulo no chão plúmbeo e estabeleciam relações nada convencionais. Um diálogo decisivo sobre vida e morte, um coquetel com todos os ingredientes humanos. Num dos vértice do triângulo imaginário ficava um ente com indumentária negra contrastando com a pele esbranquiçada do rosto e os olhos vermelhos sem vida. Na mão direita portava  um revolver de aço inoxidável rebrilhante, apesar da ínfima luz que o tocava:

- Seu tempo está se esgotando. Vamos... Preciso de uma decisão.

Neste momento, no berço de vime que encontrava-se em outro vértice, emitia um choramingar. A luz tênue e macia acariciava a face rósea de um bebe. O berço balançava usando energia invisível, enquanto o terceiro ser de olhos petrificados ponderava e murmurava:

- Estamos vivendo um kairos, tenho que medir as circunstâncias,  sopesar as consequências de minha decisão...

Acendendo um cigarro o homem trajado de preto bafora entre os lábios sediciosos, carnis, languidos e assassinos. Reflexiona em voz alta, ao mesmo tempo que engatilha a pistola:

- Não sei, mas parece o que você decidir será inócuo para o rumo do universo. As leis que regem o infinito designarão o que acontecer aqui, portanto você é apenas o boneco do ventrículo. Decida logo, pois não hesitarei em puxar o gatilho em instantes.

A criança continuava chorar no berço movente. O homem de olhos petrificados continuava em pensamentos soturnos. Eu ou o bebe? Não conseguia equacionar. Calculava quanto tempo ainda restavam de sua existência, por essa lógica tendia a salvar a criança, mas não era tão simples. O bebe era um ser frágil suscetível a diversas enfermidades. Ele tinha trinta e cinco anos, um homem feito mais preparado para as adversidades da vida.

- Vou acender mais um cigarro este é o tempo que lhe dou...

O bebe se esganava chorando copiosamente. Os dois homens permaneciam imóveis, fleumáticos. Um com cigarro nos lábios e outro acelerando sua dialéctica, aguçando sua ética:

- Salve-se o bebe. É o mais justo. Salva-se o bebe...

Três estampidos espocaram dentro do armazém no silente cais, o homem de preto havia disparado no ser de olhos petrificados. Depois, saiu devagar, jogou o cigarro nas lajes limosas:

-Três vidas, uma decisão, uma morte, dois destinos...

Empurrando a imensa porta metálica, que separava o pier da cidade, saiu. Deixou a criança no berço a sua própria sorte. Respirou fundo o ar gélido da noite sinistra. Foi rasgando a nevoa que encobria a rua marginal do antigo porto. Flexionou seus lábios de cobre, levemente, uma concessão a uma felicidade de dever, destino cumprido. Desapareceu na escuridão decadente.... 



quinta-feira, 27 de junho de 2024



A Binaridade & A Tartaruga de Aquiles & Seu Calcanhar Inerme Que Aceitou A Seta De Troia....





O existencialismo de Sartre, baseado na liberdade, em que o homem  pode fazer de si algo melhor do que a sociedade fez - é similar ao pecado original do cristianismo.   Ele coloca a responsabilidade do destino nas mãos do homem. Na realidade, o homem não tem sentido, nem sentimento, pelo menos no que tange ao meu "ser" - estamos presos a massa, a matéria escura e a energias que habitam o universo. A cada frase construo teorias. Elas são vazias, sem verificação, ajudam a levar o cotidiano desfavorável a uma utopia que só existe na geração em que os neurônios produzem o epifenômeno. O livre-arbítrio só pode estar  na configuração neuronal. É uma liberdade vigiada pelas impressões que entram nos sentidos e transformam a tabula rasa de Locke, criando todas ilusões como o absoluto, a verdade e seus contrários. O sonho também é uma liberdade controlada, caso contrário, não teríamos pesadelos fora do estado vígil. Neste momento preencho uma folha em branco virtual, ou seja, a página virgem do blog. Existimos numa teia que abriga Berkeley, Humes e Popper, ou seja, só existe o que percebemos, se o sol nasceu hoje no lago dos cisnes brancos, não quer dizer que amanhã o sol nascerá - e se nascer é provável que um cisne negro desfile sua graça no lago dos cisnes brancos. Popper é um Humes mais "evoluído", um dos principais filósofos do século vinte. Foi um austríaco que colocou o circulo de Viena em xeque. Com efeito, Popper expulsou a verdade absoluta do positivismo lógico, que estava oculta, apesar do circulo de Viena negar a existência em sua ciência positivista-lógica. Os orgulhosos filósofos e cientistas do circulo vienense e agregados acordaram do sonho do absoluto, que é o princípio, o fundamento de teologias e metafísicas. A história do pensamento humano não consegue sair da dualidade, do binarismo. Heráclito de Éfeso há dois mil e quinhentos anos já travava esta batalha contra Parmênides de Eléia, que acreditava no absoluto, no eterno e afirmava “Toda a mutação é ilusória”. O filosofo do Éfeso afirmava tudo está em perpétua mutação, Panta Rei. Alguns dizem que ele foi o pai da dialéctica, que ao chegar em Hegel foi incluído  o terceiro termo para unir a tese e a antítese, ou seja, o terceiro fator: - a síntese. Com efeito, o terceiro fator é apenas a nova fase de uma nova dialéctica binária, ou seja, a Tese. A humanidade está presa no ser e não-ser, na verdade e falsidade, no zero e no um do sistema binário da computação. Somos escravos do eterno fluir na nossa transitoriedade, enquanto nos divertimos com o absoluto indeterminado ou com finito do infinito. Sabemos que Aquiles nunca vencerá a tartaruga na infinita divisão matemática, mas ela será ultrapassada com um simples passo de Aquiles no mundo "real" dos sentidos. 
"Es gibt keine fakten nur interpretationen." - Nietzsche


Pensamento Zipado
Ou 
A Complexidade Da Teoria Do Nada....




Todos homens, bípedes e racionais, necessitam de um arrimo. Talvez um livro sagrado, uma cruz, um simbolo sobrenatural ou uma filosofia; até mesmo, visões divinas misturadas num cadinho cientifico (física quântica). Parmênides trocava toda sua fortuna por uma pequena tabua em que pudesse flutuar no oceano de incertezas. O meu mundo é diferente. Não preciso de rolex, conta bancaria ou qualquer modo que transforme o ser em ter, nem qualquer ilusão para existir, nem  mesmo um GPS:

- Não preciso da alienação no objeto para ser e existir. Alienação alienígena ou o ser imanente no objeto. Não uso aplicativo para orientar ou gerenciar algum procedimento.

Sempre admirei a convicção de Empédocles, que acreditava ser imortal. Quando cumprimentava seus contemporâneos, fazia assim:

- "Saudações! Eu sou entre vós um Deus imortal, não mais um mortal”.

O filósofo grego acreditava tanto em sua eternidade, que para prová-la, se atirou da borda da cratera do Etna - nas profundidades do abismo. 



Meus pés rasgados pelo destino. A predeterminação assassina de todo o livre-arbítrio. Ando de acordo com a causa e efeito - ou leis que regem o universo. Tanto um como outro, não temos alcance de conhecer ou influenciá-los. Kant nos ensinou a absorver a crítica e que é impossível conhecermos a coisa-em-si. Todo dia levanto no meu ateísmo destrutivo. Engulo uma chávena de água-ardente. O aparelho estomacal é estimulado. As falanges logo em seguida  começam apertar teclas que imprimem palavras na tela. Após outra chávena o pensamento move-se mais rapidamente e confuso. Não acredito em alguém que escreva corretamente, conforme as leis da sintaxe, da ortografia & semântica.  Não necessariamente, mas provavelmente, é alguém que aceitou o olhar do senhor. O consumo da casa grande já não pode mais ser sustentado. As amarras invisíveis precisam ser rompidas. Um mundo novo pode ser diferente, mas para isso precisamos acreditar no ser humano. De minha parte estou cansando, cético, destilo ácido e nas veias correm líquidos radioativos. Não acredito em promessas, mas anuncio dias terríveis - sou uma espécie de oráculo do pessimismo. Os pássaros de mau agouro sobrevoam meu córtex. Os deuses estão mortos, mas mesmo antes de Nietzsche colocar na sua filosofia, eles já haviam abandonado minha ascendência. Estou sempre pensando que dor terrível vai consumir minha existência. Em que Cáucaso os abutres vão consumir meu fígado etílico, exposto no corpo acorrentado na montanha mais solitária.  A minha repugnância afasta os seres indesejados, sou quase um misantropo. Para ser preciso vencer o instinto de auto conservação. Não sei aonde chegarei com minha verborreia e solidez solitária, meu mau-humor, minha dieta Etílica-Vegan. Só tenho orgulho dos meu ferimentos causados pelas bebedeiras... Enfim, talvez, o fim seria melhor, mas estou enfadado com adjetivos...




 



Maxikoan - Maxi | i | Koan | Transitoriedade | Gnose-Matemática




Levantei com uma bola de fogo na língua fluida. Acordei de um sonho utópico. A humanidade acreditava que a tecnologia ou a religião iria salvá-la. O meu cérebro combalido pelo álcool tentava concertar  a desarmonia vinculada no meu córtex. A conciliação procurada pelo pensamento semi-bêbado não era a salvação, mas a destruição de toda a humanidade. Não que fosse desejo ou sofresse a influência de seres sulfúricos,  mas pela leis da ultra-ciência que somente o meu ser domina. Em alguns diálogos que cometi no escasso ambiente de relações que tecia, sempre era questionado porque não expunha a secreta sabedoria que provava que a humanidade tinha os seus dias contados:

- Não adianta... Vocês não vão entender... Não digo isto por pernosticidadeporém por convicção meta-científica...



Meta-científica, well, não é esta a palavra específica, mas sim Maxikoan. Esta palavra  veio à "mente" como um eco interminável. Estava mergulhando nas águas do pacifico e como o malho no ferro Maxikoan repercutia no córtex. Subi até a superfície ensolarada da califórnia e respirei.  Tive a sensação de ter passado milhares de anos luzes. O pensamento nunca mais seria conforme a realidade que entrava pelos sentidos. Todo o mecanismo-quântico do universo esta sob domínio da caixa craniana, porém quando tento explanar não sou compreendido. As sucessões de pensamentos formavam uma rede inexpugnável de gnose-matemática.  No cérebro a teoria das cordas serviam de material que embasava os fundamentos teóricos,  mas apenas do mundo visível, sendo que a matéria e energia escura era abrangida pelo Maxikoan. Apesar de formar uma palavra, Maxikoan, etimologicamente, vem da composição:

Max - É a redução do vocábulo máximo, que significa supremo, sumo.

i - Vem do número imaginário, que no caso significa indeterminação, não existência no sentido dos sentidos humanos.

Koan - É uma narrativa, diálogo, questão ou afirmação no budismo zen que contém aspectos que são inacessíveis à razão.

Finalizando, provisoriamente, Maxikoan é a indeterminação que gera fundamentos que implicarão na confecção de teorias  em forma de rede.  Poderíamos dizer  que Maxikoan é um retrato do infinito e da indeterminação do universo e sua geração de configurações mutáveis. Ressaltando que a transitoriedade é o fulcro desta ultra-ciência. Panta Rei...







quarta-feira, 26 de junho de 2024


Niilismo Para Consumo 
Ou 
O Nada Elevado Ao Quadrado....






Na posse de uma botelha de vinho húngaro, uma garrafa de guaraná e gelo a vontade, iniciei o ritual de sacrifício-etílico-escrevinhador. Tomorrow, certamente, não levantarei antes do meio-dia, como fazia o metódico Renan Descartes. Já posso sentir a corrosão no estomago, causado pelo ácido acetilsalicílico, mas a dor no cérebro vai passar. Contudo, subtraindo, somando, equacionando tenho mais vantagens neste processo de escrita, quase sacro, que iniciei há muito tempo. As propriedades  cabíveis para existência são rabiscadas no papel incólume, que consegui junto a lata de lixo de uma gráfica resistente a Steve Jobs e fiel a Gutemberg.   O efeito do álcool é primordial para a tarefa de espalhar letras no papiro moderno. Neste kairos, momento, as correntes sanguíneas carregam toda a toxicidade necessária. Na realidade, o organismo é perturbado. Na dinâmica do espaço-tempo, quadrimensional, os homens oram, se lamuriam do sofrimento incrustado em suas psiques  carregadas de metafisicas, religiões, crenças & ciências. Os deuses não se manifestam, os seus representantes terráqueos exorcizam minha saliva venosa e ateia que contamina o rebanho. O cientista vai ao laboratório  sacrificar suas cobaias, expor a teoria da ratazana, mas precisa acreditar no axioma que flutua no oceano de incertezas de Parmênides. O teólogo elabora seus dogmas baseados, fundamentados na imensa solidão etérea. Meus pés fincados no planeta a caminho da destruição, suportam o alcoolismo niilista que cresce dia a dia nos pântanos do pensamento. Os procedimentos do cientista, do teólogo e do niilismo imanente no meu ser tem um mesmo objetivo. Todos tentam sobreviver pelos sentidos o sem sentido do animal homem. Todos precisam de uma bengala para se apoiarem na breve existência, que no fundo sabemos não ter nada de especial, pelo contrário, logo adiante seremos diluídos no rio de Heráclito, onde nossas  molécula se misturarão em outra configuração no eterno retorno de Nietzsche. Estaremos nos meios das fezes que possuem o mesmo material constituinte do humano, que vibram nas teorias das cordas e se movem pelas mesmas energias. 

   



 

terça-feira, 25 de junho de 2024

 

O sol do meio-dia não faz sombra

Acidez Cética




A acidez cética que persegue minha existência foi desenvolvida de acordo com o pensar. O fígado todo dia vomita a ressaca anterior. A saliva tem dificuldade em hidratar a entrada do aparelho estomacal. O anus expele o bolo alimentar insalubre do dia anterior. Todos sabemos que o pensamento, como afirmou Locke, vai se moldando na tabula rasa cerebral de acordo com os sentidos. Somos resultado do empirismo, não existe outra possibilidade. O livre-arbítrio é a forma que a teologia e o liberalismo encontram para condenar o homem por suas ações. A religião condiciona seus cordeiros ao pecado original - para que nas suas consciências carreguem o peso da culpa. O rebanho servil se apascenta, mas agora também precisa aliviar sua alma, acreditar que seu livre-arbítrio não lhe garantirá o paraíso - necessita uma moral de gado. O liberal precisa da liberdade às ações, ou seja, acumular riquezas e garantir sua segurança pelo estado "mínimo". O homem é livre para enriquecer e se sentir seguro na  propriedade, assim pensa os adeptos da ideologia do liberalismo . O sacerdote precisa da culpa e da liberdade para que o rebanho possa seguir o caminho da salvação. O liberal precisa do livre-arbítrio para explicar que seu status quo é fruto do seu trabalho, do seu esforço, enquanto os desfavorecidos da sociedade não quiseram aproveitar as "oportunidades".




A digressão na segunda parte do primeiro paragrafo é o resultado do epifenômeno sobre a primeira parte. O epifenômeno é o pensamento, ou seja, o fenômeno do fenômeno, o reflexo dos sentidos na caixa craniana. Poderia dizer que é a hermenêutica da acidez cética, que é o eco das bebedeiras e pajelanças toxicas que compõe o ramerrão que me consome. O amanhecer é tétrico, o corolário dos excessos. No córtex uma narrativa do absurdo sem fim percorre eletricamente de neurônio a neurônio, de axônio a axônio. O que penso agora é imaculado das origens que resultou no pensar de agora. É como o ouroboros e o eterno retorno de Nietzsche. O pensamento sai do epifenômeno fazendo sentido inverso, volta para o fenômeno e no circulo sem fim volta ao córtex sem indícios de sua origem...  






segunda-feira, 24 de junho de 2024

 

CRUZ & CICUTA


Sou uma Tribo de Personalidades ou Servum Pecus Imitatōrum 




Sempre foi um cara estranho. Não bebia álcool, porém era um contumaz consumidor de drágeas diversas. Não era hipocondríaco, apenas queria experiências que alterassem seu estado de consciência. Nos tempos de sobriedade consumia lógica e matemática nos livros e no youtube. Nas loucuras de seus paraísos artificias corrompia toda a racionalidade. Uma mistura explosiva de psiques opostas. Batalhas intermináveis dentro do córtex. Os refugiados, vitimas das ciências exatas, ganhavam corpo e protagonismo - como as cópias imperfeitas de Platão na filosofia Deleuziana. Britlavik Shaoni vivia neste ramerrão, na dicotomia do mundo imaculado da razão contra a imperfeição dos sentidos. Quando estava com o corpo dominado pelos seres subterrâneos, costumava escrevinhar alucinadamente no fluxo da consciência primitiva, na fluidez dos vômitos inconscientes. Costumava dizer, quando questionado sobre sua instabilidade:

- Sou uma tribo de personalidades....


B. Shaoni registrava sua logorreia infindável no seu desktop. Arquivos se multiplicavam. Blogs em profusão. As teclas apresentavam desgastes causado por falanges elétricas, rápidas. Os textos eram reflexos de forças que disputavam posições no córtex. Rastros de filosofia, hormônios e efeitos colaterais preenchiam o editor de texto. Uma amostra de sua inefável literatura.

CRUZ & CICUTA

O discurso de Sócrates servirá para qualquer época. Será sempre atual. A liberação do corpo para atingirmos a verdade é a recompensa diante o sofrimento. A existência terrestre não é completa para dar sentido à vida. O bípede implume racional necessita da transcendência para evitar o suicídio - atingir a verdade é o antídoto. O cristianismo propõe o éden para substituir a cruz terráquea, que castiga e produz a culpa. Assim, a filosofia e o cristianismo apostam na transcendência para manter o Servum pecus imitatōrum dependente do sacerdote e da ideologia do poder. Está Implícito/explicito nos teores das escrituras humanas, diretamente ou nas entrelinhas, um proselitismo com o fim de tornar dócil e dependente as ovelhas que se submetem ao redil ideo/teológico.  Absorvendo o sofrimento e a ética do poder teremos como prêmio o paraíso da verdade ou a luz eterna dos olhos da Beatriz de Dante Alighieri....





 

 Pseudo-Poema A Todos Bebados da América







O fígado se arrasta pelos bares da cidade

Garrafas se esvaziam automaticamente no rastro

A existência depende do copo, da botelha e do álcool

A felicidade é proporcional ao nível de alcoolemia

Os bares da América nos recebem com orgulho

Para a tristeza de nossas mães...



Navegamos por rios de vômitos 
Oceanos de loucuras

O vento nos move em direção ao iceberg 

Somos funâmbulos sobre o fio da navalha 




Um deus pagão nos protege sob o sol de Hemingway

Em nossa sina perdemos a razão...

Nossa batalha é diária

Whisky, vodka, vinho não importa

Somos nossos próprios inimigos

Nas trincheiras de Bukowski 




Não temos heróis nem ídolos

Somos iconoclastas que derrubam garrafas

 Atores do teatro do absurdo

Personagens sem Script...






 

  As emoções que me contaminam - vivem pararelamente na nebulosa de boomerang. ("A nebulosa do Bumerangue é conhecida como o lugar mais...