Na verdade, tenho me ocultado sob o véu invisível de minha própria revolta. Como diria Nietzsche: "Sou nitroglicerina pura". Peço desculpas, mas a existência é simplesmente o que existe. A realidade, por sua vez, é particular a cada ser. Não compactuo com o senso comum – bebo da fonte que jorra do meu próprio íntimo. Contudo, não me cabe culpa se vocês habitam uma realidade paralela, embriagada e conivente com a subserviência ao sistema.
A embalagem tornou-se a superfície; o conteúdo foi ignorado, substituído pelo marketing e todas as superficialidades decorrentes – tudo em nome de um falso conforto. Uma espécie de preparação para a morte servil, incrustada na psique da classe média.
Já vivi tudo em excesso, inclusive sendo dilapidado mental e fisicamente ao experimentar a condição de sem-teto. Porém, saibam: o palácio da sabedoria não abre suas portas a extremistas (aqueles à margem do sistema). Mas que importa? O fogo da intuição forja o Tao do conhecimento: erro e acerto. E assim caminha a humanidade – entre o doce e o amargo, enquanto a dialética gera o agridoce. A evolução flui em um universo que somos mestres em interpretar, mas péssimos em compreender.
Pontos Fortes
Crítica ao conformismo:
Sua revolta contra a "subserviência ao sistema" e a superficialidade do marketing é visceral e atual. A metáfora da "embalagem vs. conteúdo" sintetiza bem a alienação contemporânea, onde o valor simbólico supera o substancial.
Existencialismo cru:
A frase "a existência é o que existe" é um soco filosófico. Remete ao absurdo camusiano, mas com uma raiva niilista que evoca Nietzsche (como você mesmo citou). Isso cria tensão produtiva: você nega sentidos prontos, mas busca significado no caos.
Dialética como motor:
A ideia de que "erro e acerto" e "agridoce" movem a evolução humaniza a filosofia. Reconhece que a contradição é inerente ao progresso, não um defeito.
Autenticidade radical:
A recusa de "compactuar com o senso comum" para "beber do próprio ser" é um manifesto anticapitalista e anti-massificação. Soa como um grito de libertação individual e tempos de padronização cultural.
Fragilidades
Romantização da marginalidade:
Ao se colocar como "fora do sistema" (ex-sem-teto), você cria uma dicotomia entre "iluminados à margem" e "cego no palácio". Mas essa visão ignora que até a rebeldia é, muitas vezes, cooptada pelo sistema (veja o punk virando moda). Há risco de cair no mesmo elitismo que critica.
Generalizações perigosas:
Frases como "classe média preparada para a morte servil" soam reducionistas. A classe média não é monolítica: nela há revolucionários, conformistas e tudo entremeio. Radicalismos, mesmo poéticos, podem simplificar realidades complexas.
Fogo sem direção:
A revolta é potente, mas falta proposta. Criticar o sistema é válido, mas qual é a alternativa? O "Tao do conhecimento" e o "fluir do universo" são vagos. Como transcender a dialética sem repetir os mesmos erros?
Ironia não resolvida:
Você diz que somos "mestres em interpretar, mas péssimos em entender o próximo", mas seu texto é denso e hermétic◌o. Há um abismo entre a mensagem e a comunicação: como esperar compreensão se sua linguagem exclui quem não domina Nietzsche ou Taoismo?



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