quinta-feira, 31 de outubro de 2024

 

Diário de Um Niilista ou o Deus Nada-Infinito

Mergulhado nos fins dos tempos, Nietzsche - escreveu: "O sono é irmão da morte, um sinal de esgotamento". 





Meu corpo clama, implora doses de barbitúricos regado com álcool. O sono me persegue, vivo cansado, lânguido. Persigo  a anulação de qualquer forma de pensamento mais profundo. Nunca foquei em nada, mas hoje, por mais contraditório, estou focado no nada. No nada que fica nas entrelinhas do Ser de Aristóteles e Martin Heidegger. Tudo para potencializar meu niilismo que me cristaliza indevidamente na existência. Quem cunhou a melhor frase do século XX foi Heisenberg que enunciou o Princípio da Incerteza, justamente um matemático e físico teórico.    O nada é o principio das infinitas possibilidades, inclusive nenhuma, mas como vivemos nos tempos dos transfinitos, mesmo nenhuma, tem suas infinitas possibilidades...




Muitos temem em seu corpo a bala, a faca, a foice, a picada de uma tarântula; mas isto é justamente a  existência se encontrando com o objeto. O objeto e a existência que todos se apegam, se agarram para esquecer o nada futuro, mas o nada é o infinito de possibilidades. Existem dois tipos de nada. O nada representado pela equação: 1 segundo dividido pelo Número de Graham antes do Big-Bang:

Tempo = 1 Segundo
Número de Grahan




O Segundo nada é a singularidade dentro do buraco negro, pois não teríamos mais como saber alguma coisa de um objeto ou de um cosmonauta ou mesmo a luz quando ultrapassar o horizonte de eventos da infinita densidade.





Quando focamos no nada o tempo se dilata, nisto Einstein tem razão, pois para focar no nada o pensamento deve estar a velocidade da luz, ou seja: 299 792 458 m / s. A velocidade da luz é como toda a espitemológia, como todo conhecimento humano - resumindo - um antropomorfismo que se extinguirá quando chegar o nada do último homem no universo. E quando acabará o universo? E deus? E os Santos? E a Salvação? E o Paraíso? - Bem, isto está dentro do nada. Não do nada do antropomorfismo. É inútil querer entender o nada que transcende o nada humano, pois lá está a coisa-em-si, ou simplesmente o nada infinito....


 


Muitos me acusarão de querer criar uma nova religião do deus chamado nada-infinito. Estão enganados, a essência do meu deus é o próprio nada e em nada ninguém tem fé. Bem poderão dizer é uma filosofia, uma ciência ou um apócrifo manuscrito do velho testamento, novamente se enganam, pois o nada é indefinível. O melhor conselho que posso dar sobre o nada é aproveitem o nada. Comam o nada. Mastiguem o nada. Bebam o nada. Injetem o nada nas veias espirituais do deus nada-infinito ou do deus de suas crenças. Pensem o nada, pois o nada não pensa em você....


 


 

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

 

 



A Orelha de Cristiano, o Luso.
Van Gogh Surfista.





Caminhava pelas falésias urbanas erodidas pela ação humana deletéria, na realidade, um barranco íngreme artificialmente decorado com grama e plantas exóticas. Observava que no sopé havia empresas de mídia, com seus letreiros vanguardistas, anunciando as maravilhas de uma atmosfera artificial, que só existiam nas telas coloridas e tecnológicas do marketing. Varias escadas em forma de caracol, concreto e aço, davam acesso a comunicação entre a calçada em que meus pés pisavam e o terreno onde estavam estabelecidas as hipermídias. Em uma das escadas notei uma menina e uma senhora com idade avançada. Subiam em direção a calçada. Para minha surpresa, as reconheci. Tratava-se da mãe do meu ex melhor amigo e sua neta.  D. Josefina também me percebeu:

- Oi, meu filho, como vai?

Logo começamos um colóquio. Lembramos de seu filho falecido e de nossa amizade. Dona Josefina, sempre segurando a pequena mão da neta, não conseguiu deter as lágrimas. Dei um abraço para consolar sua dor revivida, mas fui tomado de surpresa quando Dona J. retirou de sua bolsa um vidro e colocou em minhas mãos. Não era um simples vidro, mas sim um recipiente cheio de formol com uma orelha adornada com um piercing. Não tive dificuldade, mesmo impactado pelo inusitado, para distinguir que se tratava da orelha de Cristiano, o luso, meu ex melhor amigo. Consegui conter a repugnação  da cena vangoniana-stephenkinguiana. Depois Dona J. apertou minha mão e com uma voz chorosa e incisiva fez um pedido:

- Meu filho, você era o melhor amigo de Cristiano, o luso. Peço-lhe um grande favor... Não negue para esta velha senhora que perdeu uma parte de sua existência. Ainda bem que você conseguiu sair do caminho da drogadição, infelizmente meu filho pereceu nesta senda...

"Varias vezes tentei demover C., o Luso, da vida barra pesada, mas não tive sucesso. Antes do seu falecimento o encontrei num bar tomando absinto, lendo a poesia dos malditos franceses e cheirando neve" - pensei, enquanto ouvia a velha senhora. Seus olhos dilatados  mostravam o amargor, o sofrimento pela perda. Sua netinha parecia uma indiozinha perdida na selva humana. Parecia não estar entendendo o que acontecia.

- Dona J., como a senhora conseguiu esta orelha...

D. Josefina me interrompeu. Segurou novamente minhas mãos com o rosto suplicante e continuou:

- Meu filho, não me questione, apenas ouça. Está completando cinco anos desde que Cristiano se Foi. Vou resgatar sua memória, prestar-lhe uma homenagem. Estou vindo da Mídia-Memory, uma filmadora especializada em produzir  vídeos sobre a vida de pessoas que alguém quer homenagear. Pedi que fizessem um roteiro sobre a breve existência de Cristiano. Aprovei e achei lindo a forma que desenvolveram a história de C., porém dependo de você para completar este culto.

- O que posso fazer D. Josefina?

- É simples meu filho. Leve este vidro com a orelha de C. até o mar, onde vocês costumavam surfar. Lembro de vocês dois arrumando os equipamentos de surf com entusiasmo. A expressão de felicidade em seus rostos. Peço que preste esta cerimonia. Coloque no mar a orelha de Cristiano, seria como resgatar  seu tempo saudável, de felicidade. Não estou com insanidade alguma, mas um médium  ouviu a  voz de C. e ele fez este pedido...

Não podia dizer não para a velha senhora, afinal Cristiano, o luso, tinha sido meu melhor amigo. Quando concordei com a missão, a fisionomia de Dona J. irradiou satisfação. Dei mais um abraço, passei a mão na cabecinha loura da netinha e despedi-me... 






Olhei para o outro lado da rua, com a orelha dentro do vidro e o vidro dentro da sacola. Vi um simpático bar com mesas na calçada. Pedi uma cerveja para o garçom. Comecei a saborear a cevada. No segundo copo, ouvi um assovio e meu nome vindo da parte interna do bar. Eram Cireneu e Calcides. Convenceram-me a sentar junto a mesa em que bebiam whisky e cerveja.  Eles já estavam altos. Misturavam goles do malte escocês com profundas  absorvidas de cerveja. Calcides e Cireneu eram amigos dos velhos tempos, também conheciam C., o Luso, mais do que conheciam, ainda estavam na velha estrada de chapação. Deixei-me envolver pela atmosfera criada, logo comecei a compartilhar o whisky. Quando você concede um dedo o corpo está comprometido. Fiquei no nível alcoólico de C. & C. e contei o encontro que tive com D. J. Do bar empreendemos uma viagem de taxi até a casa de Calcides. Concordamos fazer um jantar e uma homenagem póstuma ao nosso amigo Cristiano, o Luso. Calcides abriu a porta do seu moderno refrigerador e sacou long-necks. Ele foi quem propôs fazer uma janta em homenagem a C., o luso. Com o orgulho potencializado pelo álcool, mostrou um diploma de chefe de cozinha. Rimos muito, aliás eram gargalhadas sem controle. Deixamos ele ir até a cozinha e preparar o "Prato In Memoriam de C., o Luso". Fiquei com Cireneu atirado no sofá ouvindo The Beach Boys. Calcides entrou freneticamente na sala e colocou algumas carreiras de neve em cima de uma mesa de vidro. Consumimos avidamente. E assim se sucedeu durante algum tempo.






Calcides voltou para cozinha uivando como um coiote solitário. Quando retornou trouxe uma especie de fogareiro e uma frigideira e uma garrafa de conhaque jerez de la frontera. Realmente, Calcides tinha habilidades gastronômicas, apesar  das pesadas doses de álcool e neve. Começou a flambar o acepipe dentro da frigideira. Começamos a devorar o prato especial,  ao som da quinta de Beethoven. Terminamos o banquete. Calcides desligou o som e disse que faria um discurso em homenagem a Cristiano, subindo na mesa de vidro, entoou a homenagem:



Excelentíssimos Senhores:

Não estará ele entre nós? Não ouvirá o meu chamado? Tão viva é sua lembrança. Tenho a sensação de vê-lo, de senti-lo dentro de nós. Não acredito que ele se foi, pois ele está presente em nossa memória. Levanto esta long neck em sua homenagem. Digo estas palavras que li no epitáfio de Bob Marley, que reflete a vida de Cristiano:


"Não viva para que a sua presença seja notada,
mas para que a sua falta seja sentida..."


Enquanto esteve presente entre nós foi um cometa, mas hoje sabemos que é uma estrela de  primeira grandeza. Senhores, beberemos mais um gole, tomaremos mais varias garrafas... Beberemos todos os estoques da cidade em homenagem a Cristiano, o Luso... Nada será suficiente para lustrar sua memoria... Vinho, whiski, vodka, absinto e pó que ao pó voltarás... Senhores, encerro este longo discurso em memória a C., o Luso, inspirando-me no dogma da Transubstanciação da Igreja católica, do discurso do pão e do vinho de Jesus Cristo. Prestem atenção senhores nas minhas últimas palavras:

O Acepipe da  orelha que nós comemos é carne de Cristiano para a salvação de nossa existência, para que ele esteja sempre conosco...
O conhaque jerez de la frontera com o qual flambei a orelha de Cristiano será nosso sangue para que ele seja eterno em nossas vidas...

E encerro esta cerimônia com o Réquiem de Mozart....


 










HALLOWEEN

O Ermitão Mutante



O Asceta caminhava na estrada de chão batido, margeando a floresta atlântica. Como de costume, diariamente, a percorria juntando gravetos e lenhas. Colhia ervas medicinais e psicoativas, frutos silvestres, que compunham parte de sua alimentação frugal. Quando estava em casa, uma cabana simples, construída com pedras do campo, madeira silvícola e algum material descartado pelos habitantes da área urbana, preparava sua alimentação e medicamentos naturais. A noite macerava e fervia as ervas alucinógenas, ouvindo o piar das corujas e de outros pássaros noctívagos. Numa noite de breu total, devido a lua nova, o ermitão sentiu um estranho êxtase em seu corpo esturricado, consequência de uma dieta de candidato a santo vegetariano e filosofo mistico, que procurava transcender a limitação da condição humana. Uma gélida sensação percorreu sua espinha. Seus olhos esbugalhados e sanguíneos expressavam a condição singular do solitário possuído. Talvez, endemoniado. O crepitar do fogo na lenha se avivou de tal maneira, que a chama atingiu a barba sebosa do asceta. O corpo corcunda, como um quasímodo, num passe mágica - se tornou ereto. Os lábios secos e selados durante anos, pela não vibração de suas cordas vocálicas, resultado dos raciocínios sem fim, beirando ao infinito, emitiram gritos originados do lado obscuro da existência, do sobrenatural. Erguido com uma postura reta e a barba em chamas, jogou o corpo contra a frágil porta do barraco. Correu pelo campo, esfregou o rosto na grama, conseguiu apagar as chamas, que destruíram seu monumento grisalho em homenagem a solidão. Continuou correndo, não parou mais. Saiu do campo e atravessou floresta gélida,  que na escuridão plena dava ares sinistros. Sua terrível transformação chegou a pequena cidade. As lâmpadas de mercúrio, penduradas nos postes de eucaliptos, quebravam a escuridão. O penitente, transformado num hábil homo apetite's, tinha a nova configuração revelada por bombardeios de fótons.


Em frente a uma mistura de bolicho e mini-mercado, sentiu suas papilas degustativas traçarem seu próximo passo. Quebrou os vidros da vitrina rústica e penetrou dentro da venda. Totalmente transtornado o vegan-asceta soltava grunhidos primitivos. Derrubou um jirau de linguiças e morcilhas rubescentes, que odorizavam sanguineamente. Seus dentes acostumados com seiva e clorofila, mordiam, estraçalhavam a carne e o sangue. Devorou grande parte dos embutidos - com animalesca voracidade. Depois a atenção se voltou para o balcão frigorífico com carnes de vacunas. Prostrado, de quatro, estraçalhou o produto animal. O vermelho carnil líquido escorria pelos lábios selvagens. O terrível espetáculo carnívoro se dava em meio ao sono inocente do povoado de imigrantes, que na sua profunda sonolência de gente simples, que recuperava as energias para a labuta na roça do amanhã. Depois do canibalismo paralelo, se ergueu bípede, erecto. As roupas puídas foram ragadas com fúria. A configuração  sinistra se precipitou pelas pacatas ruas. Com as genitálias balançando, no ar tépido do verão, que se anunciava, ambulava pela avenida principal. Como um sátiro, suspirando lascívias e captando feromônios de virgens, parou silente diante um sobrado de pedra e madeira, jardim florido de amores-perfeitos, dálias e rosas. Um novo êxtase perpassou o corpo libidinoso. Uma eletricidade sexual incontrolável foi despertada, causada por hormônios que emanavam do interior da casa. Jogou toda a energia carnal na janela bucólica. Olhou para cama onde uma jovem de pele láctea e olhos negros repousava sua castidade. Possuído por deuses pagãos, jogou seu corpo por cima da jovem. A família se acordou com os gritos juvenis desesperados, que ecoavam por dentro da casa - com um teor de terror. Os pais e os irmão juntando todas as forças não conseguiram retirar o priapo de cima do ente imberbe. O pai buscou uma faca na cozinha. Cravou no dorso do asceta mutante. Um grito de javali selvagem reverberou pela garganta. O eremita pulou a janela e correu com a faca rebrilhando nas costas. Antes de adentrar a floresta foi atingindo por uma bala. Embrenhado na escuridão, o mutante retira a lamina do dorso. A sobrenaturalidade desaparece. Não restou nem cicatrizes nos ferimentos...





O sol já lançava seus raios purificadores nos resquícios de trevas da mata densa. O solitário-Asceta, em seus estado natural, descerrou seus olhos de um pesadelo. Aturdido, levantou do chão enfolhado da selva. Sua memoria da noite anterior tinha sido afetada por amnesia. O sabor forte de carne e sangue subia do estomago. Foi matutando em direção a sua choupa, tentando desvendar a impressão carnívora. O sabor que portava era a antípoda de sua filosofia, de seu modo de vida. Seu raciocínio arrazoava uma explicação lógica. Certamente, havia ingerido alguma erva psicoativa poderosa, fora de sua dieta. Nos dias seguintes a vida do mutante foi se enquadrando no seu ramerrão filosófico-vegan. O sabor carnil foi evacuando de suas entranhas, sendo purificado por ervas e raízes. O Halloween lascivo ficou no passado esquecido, na memoria do sobrenatural...




segunda-feira, 21 de outubro de 2024

 

EPADU QUÂNTICO
 


Tempestades elétricas povoam a rede neuronial; os fluxos elétricos encandeiam explosões de pensamentos acúleos e clareadores no fundo do abismo mais desesperador e trevático, mas sempre a dicotomia do falso e do verdadeiro prevalece, apesar da luz, da razão. A realidade é sempre uma duvida, que me perdoe Descartes. Sua certeza veio da duvida, então o pressuposto não poderia implicar numa certeza, claro, falando de geometria e lógica. Então, venham para o mundo cruel, venham para o moinho de carnes humanas, este é o convite que faço a todos éticos, lógicos e moralistas de plantão, pois fora dos esquemas, dos sistemas e equações o sangue pulsa, se derrama na terra fértil das injustiças, aonde os teólogos e seus asseclas não ousam pisar.




O piloto fantasma do corpo, o Eu (consciência) de Descartes, do Espirito Cristão, há muito abandonou a nau dos insensatos, a nau dos aflitos nos infinitos vales de lagrimas, do sofredor de todas gólgotas, das lustrações da alma humana. Na superfície do oceano racional a nau está prestes a mergulhar em águas profundas, onde a razão é serva das realidades primitivas, dos instintos que conservam a vida. Ratos e motineiros se agarram a fragmentos cartesianos, kantianos, no dever ser, nas éticas múltiplas, enquanto Nietzsche martela com seu malho dionísico. 
Homens ao mar, S.O.S., os fracos emitem gritos desesperançados como crianças longe do seio materno, mas o mais terrível ainda está porvir. Ao longe, além do zênite, onde nenhum olhar alcança, vozes tonitroantes fazem chegar aos ouvidos humanos, gelando os temerosos, os religiosos, os moralistas:

- Deus está morto. A irracionalidade tem suas razões...





Toda a calmaria esconde seu potencial de tempestades, aliás toda calmaria está ligada por uma tempestade. O fluir são elos que se completam numa corrente infinita, numa incompreensão circular. A duvida e a certeza são circularidades, são faces da mesma moeda, que joga aleatoriamente diante os olhos incautos humanos. O destino convida o homem para dançar sua música, seus passos pré-determinados que lhe dão impressão de conhecimento, de previsão. Sócrates cunhou sua única frase que condiz com a realidade, depois de ouvir do irracional, das cavernas sulfurosas, da garganta do Oraculo de Delfos: 

- "Você é o homem mais sábio de Atenas"

Depois de muito pensar, depois de muita maiêutica conseguiu sintetizar o mundo dos homens numa frase: 

- "Eu que sei que nada sei"




O destino humano foi traçado há 15 bilhões de anos, quando do Big-Bang. As quatro forças dos universo e a matéria forjaram, no núcleo super aquecido das primeiras estrelas - o carbono - o responsável pela vida. Nada do que acontece atualmente no cosmo, no infinito, na consciência do homem, que não foi programado dentro da infinita densidade antes da explosão. Parece histriônico os homens acreditarem em livre-arbítrio, em planejamentos, em adivinhar o futuro, mesmo por meio da ciência. A ciência é filha direta do mito; o espaço-tempo é a régua que mede o antropomorfismo. Einstein só elaborou a teoria da relatividade (especial e Geral) devido o tempo-espaço percorrido pelo conjunto da humanidade. Hegel tinha razão quando dizia que a dialéctica é   "a marcha e o ritmo das próprias coisas", porém ao homem cabe somente interpretar o passado, mesmo que em acessos de "racionalidade" tenha a impressão que tem o domínio do porvir. A única ciência que está a disposição do ser humano é a hermeneutica para nos livrar do niilismo, do sem sentido que é a existência...




THE END

"EPADU QUÂNTICO" é um grito existencialista contra a ilusão de que a razão, a moral ou a ciência podem salvar o homem do abismo do absurdo. O texto celebra o caos como única verdade, onde até a dúvida é uma forma de certeza, e convida o leitor a abandonar os "fragmentos cartesianos" para mergulhar nas águas primitivas onde a vida, em sua essência, é feita de contradições irredutíveis.
 

sábado, 19 de outubro de 2024

 

Cosseno Obsceno




Flutuando entre axiomas & dogmas - descontruí o universo em sua totalidade infinita. Os princípios estão no espaço-tempo-infindo a procura de base solida - que é impossível no panta rei  de todos Heraclítos. Os filósofos foram superados pelos físicos - a criatura superou o criador, porém a imaginação sem as rédeas do logicismo tem uma abrangência maior  em relação ao pensamento do pensamento...  Descartes & seu piloto fantasma - as vezes é superior ao que se observa nas tecnologias complementares & essenciais que monitoram  a radiação do universo. A seta do tempo é implacável, o reverso é impossível ou pelo menos improvável na realidade pura do presente. Só sentimos o passado, o futuro não nos pertence - a não ser nas projeções equacionais de uma matemática abstrata que não entra nos sentidos humanos, apesar de ser hominídea toda a escrita que nos conduz... Vamos sentar na távola redonda & pensar que somos iguais... Santa ingenuidade & assim continuamos.... Apesar da matemática inconclusiva  da inconsistência  da matéria que entra pelos sentidos...




Levanto a taça toxica para brindar a morte que ronda meu sistema atômico. Sei que sou eterno na composição dos  átomos & subpartículas que o constituem. Na próxima jornada poderei ser uma ave, um peixe, ouro, platina ou material radioativo - um homem y uma mulher ou uma terceira via - tudo flui & constitui o devir. A morte é uma complexidade simples, apenas perdemos o complexo campo de neurônios, que se diluem em partículas inomináveis até o fim da imortalidade, diferente da eternidade.  O animal implume racional de Platão não conhece a verdadeira saga, ou seja, somos composições de poeiras comiscas....  


 


  


quinta-feira, 3 de outubro de 2024

 



Believe you can change - by Aaron Swartz


This post is part two of the series Raw Nerve.
Carol Dweck was obsessed with failure. You know how some people just seem to succeed at everything they do, while others seem helpless, doomed to a life of constant failure? Dweck noticed that too — and she was determined to figure out why. So she began watching kids, trying to see if she could spot the difference between the two groups.
In a 1978 study with Carol Diener, she gave kids various puzzles and recorded what they said as they tried to solve them. Very quickly, the helpless kids started blaming themselves: “I’m getting confused,” one said; “I never did have a good rememory,” another explained.
But the puzzles kept coming — and they kept getting harder. “This isn’t fun anymore,” the kids cried. But still, there were more puzzles.
The kids couldn’t take it anymore. “I give up,” they insisted. They started talking about other things, trying to take their mind off the onslaught of tricky puzzles. “There is a talent show this weekend, and I am going to be Shirley Temple,” one girl said. Dweck just gave them even harder puzzles.
Now the kids started getting silly, almost as if they could hide their failure by making it clear they weren’t trying in the first place. Despite repeatedly being told it was incorrect, one boy just kept choosing brown as his answer, saying “Chocolate cake, chocolate cake.”1
Maybe these results aren’t surprising. If you’ve ever tried to play a board game with kids, you’ve probably seen them say all these things and more (Dweck appears to be missing the part where they pick up the game board and throw all the pieces on the floor, then run away screaming).
But what shocked her — and changed the course of her career — was the behavior of the successful kids. “Everyone has a role model, someone who pointed the way at a critical moment in their lives,” she later wrote. “These children were my role models. They obviously knew something I didn’t and I was determined to figure it out.”2
Dweck, like many adults, had learned to hide her frustration and anger, to politely say “I’m not sure I want to play this anymore” instead of knocking over the board. She figured the successful kids would be the same — they’d have tactics for coping with failure instead of getting beaten down by it.
But what she found was radically different. The successful kids didn’t just live with failure, they loved it! When the going got tough, they didn’t start blaming themselves; they licked their lips and said “I love a challenge.” They’d say stuff like “The harder it gets the harder I need to try.”
Instead of complaining it wasn’t fun when the puzzles got harder, they’d psych themselves up, saying “I’ve almost got it now” or “I did it before, I can do it again.” One kid, upon being a given a really hard puzzle, one that was supposed to be obviously impossible to solve, just looked up at the experimenter with a smile and said, “You know, I was hopingthis would be informative.”3
What was wrong with them?

The difference, Dweck discovered, was one of mindset. Dweck had always thought “human qualities were carved in stone. You were smart or you weren’t, and failure meant you weren’t.” That was why the helpless kids couldn’t take it when they started failing. It just reminded them they sucked (they easily got confused, they had “a bad rememory”). Of course it wasn’t fun anymore — why would it be fun to get constantly reminded you’re a failure? No wonder they tried to change the subject. Dweck called this the “fixed mindset” — the belief that your abilities are fixed and that the world is just a series of tests that show you how good you are.
The successful kids believed precisely the opposite: that everything came through effort and that the world was full of interesting challenges that could help you learn and grow. (Dweck called this the “growth mindset.”) That’s why they were so thrilled by the harder puzzles — the easier ones weren’t any sort of challenge, there was nothing you could learn from them. But the really tough ones? Those were fascinating — a new skill to develop, a new problem to conquer. In later experiments, kids even asked to take puzzles home so they could work on them some more.4
It took a seventh-grader to explain it to her: “I think intelligence is something you have to work for…it isn’t just given to you… Most kids, if they’re not sure of an answer, will not raise their hand… But what I usually do is raise my hand, because if I’m wrong, then my mistake will be corrected. Or I will raise my hand and say… ‘I don’t get this. Can you help me?’ Just by doing that I’m increasing my intelligence.”5
In the fixed mindset, success comes from proving how great you are. Effort is a bad thing — if you have to try hard and ask questions, you obviously can’t be very good. When you find something you can do well, you want to do it over and over, to show how good you are at it.
In the growth mindset, success comes from growing. Effort is what it’s all about — it’s what makes you grow. When you get good at something, you put it aside and look for something harder so that you can keep growing.
Fixed-mindset people feel smart when they don’t make mistakes, growth-mindset people feel smart when they struggle with something for a long time and then finally figure it out. Fixies try to blame the world when things go bad, growthers look to see what they can change about themselves. Fixies are afraid to try hard — because if they fail, it means they’re a failure. Growthers are afraid of not trying.

As Dweck continued her research, she kept finding this difference in all sorts of places. In relationships, growth-mindset people looked for partners who would push them to be better, fixies just wanted someone who would put them on a pedestal (and got into terrible fights when they hit problems). Growther CEOs keep looking for new products and ways to improve, fixies cut research and tried to squeeze profits from old successes. Even in sports, growther athletes got better and better through constant practice, while fixies blamed their atrophying skills on everyone around them.
But Dweck applied a growth mindset to the question of mindset — and discovered that your mindset could itself be changed. Even small interventions — like telling students they were doing well because they tried hard, rather than because they were smart — had huge effects. With more work, she could change totally fixed-mindset people into fervent growth-mindset ones.
She herself changed, converting from a fervent fixed-mindsetter, always looking for excuses to prove how smart she was, to a growther, looking for new challenges. It was hard: “since I was taking more risks, I might look back over the day and see all the mistakes and setbacks. And feel miserable. [You feel like a zero]… you want to rush right out and rack up some high numbers.” But she resisted the urge — and became a leading psychologist instead.6

The first step to getting better is believing you can get better. In her book, Mindset, Dweck explains how to start talking back to your fixed mindset. The fixed mindset says, “What if you fail? You’ll be a failure.” The growth mindset replies, “Most successful people had failures along the way.”7
Now when I first heard about this work, I just thought: that’s nice, but I already do all this. I believe fervently that intelligence can change and that talents can be learned. Indeed, I’d say I’m almost pathologically growth mindset. But even I began to notice there are some things I have a fixed mindset about.
For example, I used to think I was introverted. Everyone had always told me that you were either an extroverted person or an introverted person. From a young age, I was quite shy and bookish, so it seemed obvious: I was an introvert.
But as I’ve grown, I’ve found that’s hardly the end of the story. I’ve started to get good at leading a conversation or cracking people up with a joke. I like telling stories at a party a story or buzzing about a room saying ‘hi’ to people. I get a rush from it! Sure, I’m still not the most party-oriented person I know, but I no longer think we fit into any neat introversion/extroversion buckets.
Growth mindset has become a kind of safe word for my partner and I. Whenever we feel the other person getting defensive or refusing to try something because “I’m not any good at it”, we say “Growth mindset!” and try to approach the problem as a chance to grow, rather than a test of our abilities. It’s no longer scary, it’s just another project to work on.
Just like life itself.

EPIFANIA ALEATÓRIA   Acordei num domingo qualquer, sem saber o que poderia acontecer, mas de repente uma nuvem plumbea tomou conta da minha ...