quinta-feira, 22 de agosto de 2024


IMEXA
Poetisa Que Abrigava Dr Jekyll & Mr Hyde Em Sua Alma


Toda vez que o sapato furava, partia ao meio - literalmente - encerrava-se um ciclo existencial. Depois da queimada irracional de uma fase, advinha outra -  de racionalidade fria, metódica - porém, no abrigo das letras revoltas dos poetas num oceano profundo de insanidade. No refúgio, no intervalo entre a circularidade das fases - a mente era invadida por uma horda de escritores malditos. Sempre estavam presentes - "Les poètes maudits" - Verlaine, Rimbaud, Baudelaire, Mallarmé, etc... A existência de Imexa seguia o fluxo de alternâncias entre a veneta e a sobriedade. A intersecção  entre a dialéctica, podemos até denominar síntese, servia para a poetisa elaborar um balanço escriturado por rimas e verves doidivanas. Seu Sapato de salto alto era o termômetro que indicava o fim de um ciclo. Às vezes, a quebra do salto indicava o fim da fase irracional, mas por outro lado, o aprofundamento no estouvamento, que  só era interrompido diante um furo na sola fashion, o contato da palma do pé com o chão cru da dura realidade. 


Os intervalos eram uma aceleração para fase irracional -  ou a desaceleração para a Bonança. As escrituras poéticas sofriam a influencia do álcool, a degradação do corpo ou uma paixão que não aceitava limites. Imexa com seus cabelos negros, em época de racionalidade, radiava de sua pele morena todos os quebrantos possíveis. Seus olhos Sunshine inspiravam uma sensação de luminosidade, de zen budismo e uma doce empatia das calmarias. O sapato de salto intacto era índice do conjunto de predicados que iluminavam uma paz inefável - que emanava de sua áurea. Sua voz era serena, suas palavras eram simétricas, ritmadas e edulcoradas como a ambrosia que Hebe serve no Olimpo aos deuses.




Na semana passada, Imexa andava quase descalça, seus pés encostavam nas lajes frias do basalto outonal. Sua graça em tempos lógicas era uma mistura das deusas gregas: Atenas e Afrodite. Conseguia harmonizar a beleza e sexualidade (Sex Appeal) com o conhecimento. No entanto, se encontrava em polo oposto, seus cabelos de medusa davam a sua face um beleza insana. Seus dedos e neurônios em hábeis dígitos e fantásticos sinapses preenchiam a tela  do iPhone com poesias libertarias - emergidas no fluxo da consciência e submergidas no absinto, que a fazia naufragar no Café Rimbaud Express. Sua mesa preferida ficava embaixo da árvore exótica, que nem os garções - ou habitues, sabiam especificar seu nome e origem. Seus livros, iPhone e copos da verde bebida dos poetas franceses do século XVIII, iniciavam a ocupação do campo de batalhas etílicas-culturais ao entardecer. Uma luz verde intensa  do solo - ganhava a copa do exótico vegetal. Imexa antes de iniciar o ritual absíntico, bebia veloz e furiosamente duas taças de tequilas, sugando o suco de limão e beijando o sal com os lábios injuriados de avidez poética. Sua alma se retorcia - sua verve ácida expulsa Dr. Jekill. Incorporado Mr Hide, absorve o absinto vorazmente. Imexa inicia a frenética digitação no seu aparelho do genial finado Steve Jobs, a maçã de Isaac Newton. Seus cabelos de medusa se agitam, seus pensamentos se absorvem e jactam-se das sombrias zonas de criatividade do córtex, seus olhos reviram-se num êxtase luciferiano. Os serviçais, que trazem e levam copos de absinto, juram sentir cheiro de enxofre e murmúrios sibilinos do além. O estado de coisas se sucedem por semanas, por meses, até o momento que seus pés nus encostam no chão invernal, no gelo das primeiras geadas sulinas. Sua alma vai perdendo o fogo do Hades. Cerberus abre uma exceção e a conduz ao barco de caronte que a leva novamente ao mundo da Luz. Ela será uma Perséfone, terá que retornar ao Hades, pois inocentemente provou o fruto maldito da poesia francesa.



quarta-feira, 21 de agosto de 2024


The Elephant Man




O Homem Elefante caminha com suas patas pesadas sem estética - a procura de uma estética. Anda por bosques perfeitamente simétricos e observa as oposições equânimes da natureza. Por instantes a pureza do belo  invade os sentidos. Sente uma teoria do gosto superior. Uma sinestesia  preenche o cérebro, as cores, as formas e o silêncio, que se associam num unívoco prazer. Alguns ruídos suspendem o êxtase. Viandantes perdidos em suas próprias vidas - ignoram a contemplação mítica do Homem Elefante. Resignado pela quebra do supra embevecimento se põe em movimento. Carrega um grande fardo, seu próprio corpo, um peso incomensurável. Abandona o bosque em direção ao urbano. Suas imensas patas afundam terrivelmente nos pântanos da impossibilidade da transcendência estética.



O Homem Elefante é incansável. Continua sua busca infinita pela estética total e superior, mas também tem o desejo de solucionar todos os problemas humanos. Seu fundamento, seu lastro é o próprio corpo deformado pela alta densidade, pelo seu corpo anti-estético, pelo seu corpo adiposo a procura de uma estética. Sua manada o abandonou, a caterva humana também - e só continua sua intensa perquirição pela estética da estética - o sumo da estética. Sua existência se aprofundou pelos abismos das rejeições, pelos tsunamis psicológicos, pela procura inútil. O último sonho foi indecifrável, nem um Super Jung conseguiria fazer qualquer associação. No ciclo R.E.M. sonhou que estava de escafandro primitivo - descendo a Fossa Oceânica Abismal de Mariana. Ao chegar na imensa profundidade, sob pressão que nem um humano poderia resistir, encontrou caixas perdidas pelos corsários - cheios de botelhas de rum. Consumiu uma quantidade inumana da bebida dos piratas. Seu corpo se transformou numa criatura achatada, como as dos habitantes destes abismos marítimos. 



O Homem Elefante faz poesias para sublimar a pesada realidade. A poesia o faz sentir como uma pena no ar tépido de verão flutuando numa sala de opio chinesa. A metáfora leva sua forma deformada a paraísos artificiais de Charles Baudelaire, mas a realidade é sempre lúgubre. A cada instante de sua consciência vê funerais passar diante seus olhos que buscam a transmutação.  Nem mesmo o clima dos velórios são capazes de entender sua eterna tristeza por conviver em meio a homens, que não  compreendem, que o condenam por sua anti-estética. O rigor do inverno logo chegará, o Homem Elefante precisa de calor, de uma fogueira na caverna de ermitão. Os parasitas do seu corpo precisam de calor para não devorarem sua carne. Sua tromba espirra lagrimas na sua via crucis, assim como Cristo na cruz faz a pergunta mais cruel que um ser pode ouvir:

- Pai!??? Pai?!!! Por que me abandonastes?!!!


O entardecer toca seus dedos na noite. O Homem Elefante cansou de sua procura. Jurou para si mesmo que não mais vai sair de sua caverna de amônia e morcegos. Ali se sente protegido, é como estivesse no ventre materno - em posição fetal. Seu espirito sutil terá mais tempo para compor poemas, versos. Não precisará mais olhar as guilhotinas decapitar cabeças sem estéticas. O que procurava está dentro de seu corpo deformado. A irremediável solidão lhe dará forças, o isolamento o poupará da ignorância estética dos homens comuns. Sua existência começa a fazer sentido no mais terrível solipsismo que um homem já enfrentou. Enfim, o Homem Elefante transcendeu sem transcender...







 

terça-feira, 20 de agosto de 2024

 

A Cabeça de Nietzsche


Nietzsche Odiou e Amou Wagner...




Esta Frase Sintetiza a Obra do Filosofo - assim foi com o Cristianismo, com Lou Andreas-Salomé... 

A contradição gera a dialética, a dialética nos lembra Heráclito que disse: "Panta Rei" - hoje nos sabemos que tudo flui, tudo muda... O Universo Newtoniano foi readaptado a uma nova exigência da ciência do século vinte e mesmo Einstein que o modificou teve que fluir e admitir que o Universo não era estático e sim estava em expansão. Este processo do fluir continuará até que o último Ser da humanidade pereça por uma catástrofe natural ou artificial - e ai - não restará mais nada, pois teorias só servem para os homens, pois para o restante do universo elas são indiferentes, assim como os Deuses de Epicuro Ignoravam a Humanidade... 




 




A Cabeça de Nietzsche



Caminhava pelo basalto que margeava as veias asfálticas, um varredor vassourava as flores lilases dos jacarandás, dispunha em figuras geométricas - um esteta-matemático-prático. As ruas sulinas encanavam o vento que adejava minha jaqueta de veludo - uma capa surrada de anti-herói.  Apesar de bandarrear - tinha um projeto. Consistia em fisiologicamente tentar reproduzir o cérebro de Nietzsche para melhor compreender sua filosofia. Seria como cortar a própria carne - cobaia e cientista ao mesmo tempo. Depois de ler alguns livros e assistir uns Youtubes do filosofo - iniciei o processo.

Selecionei quatro fatos de Nietzsche que achei fundamental para o intento:

a) Pegar a doença venérea denominada sífilis.

b) Abusar de narcóticos.

c) Manter relações sexuais com profissionais do sexo.

d) Ser abatido por uma paixão violenta de uma mulher bela e inteligente e ser desprezado pela mesma.


O objetivo foi alcançado. O item a e c se complementaram - bastou se relacionar sem o preservativo. O item b não tive dificuldade - já tinha uma larga experiência - foi só intensificar as doses. O mais dificultoso foi o item d, mas consegui achar a minha Salomé. O coquetel explosivo me transformou em nitroglicerina pura. Cefaleias constantes, vertigens, misoginia, solidão ao extremo, sentimento de que a escala de valores morais deveria ser invertida.





A partir de Agora, Tudo o que Você Ler, Será Sob o Efeito da Experiência denominada: 

Cérebro de Nietzsche 

Resolvi extremar de vez. Fui a uma região montanhosa e me embretei em uma caverna com cheiro de amônia, causada pela urina dos morcegos. Levei muitos cadernos e canetas para as auto-observações. Sentia Zaratustra incorporar no meu espirito. Estava livre da moral de rebanho, dos fracos e dos racionalistas que negam a vida. Ouvia uma catadupa que distava alguns quilômetros, era a voz da natureza, de dionísio no seu mais alto esplendor. Logo nos primeiros dias fiz amizades com serpentes e águias. Comungavam dos meus filosofemas. Assim como eu desdenhava dos racionalistas, dos fracos, dos cristãos, dos moralistas - elas abominavam as corujas, os caprinos e as ovelhas domesticadas. Mantive muitos diálogos com  Aves de Rapinas e Víboras. Abaixo mostro o último:




Zaratustra - Admiro vossas naturezas que mostram o vigor puro do instinto, a aretê da Antiga Grécia, anterior a Sócrates...


Serpente - A minha espécie usa de dois dispositivos para existir, os maiores ofídios tem a força, a constrição para esmagar  e capturar as presas ou vitimas como queiram;  já os menores usam a complexidade molecular  da peçonha, do veneno para imobilizar as vitimas, para devorar nossas presas, fazemos sem culpa, sem ressentimentos, pois nos apoiamos na lei do universo em que a força maior se imporá sobres outra menores... 




Zaratustra - Mas note bem, apesar da força maior sobrepor as outras, ela conserva as menores, soma para criar mais vigor...


Serpente - Então deve ser por isso que me sinto mais forte, mais completa a cada vitima digerida...


Águia - Vocês podem me enxergar menor quanto mais alto eu voo, mas lá de cima respiro o ar mais puro, enxergo minhas vitimas para predar com mais precisão.


Zaratustra - Meus novos amigos, vim para este lugar para ficar longe do ar pesado, do azedume da moral dos homens, do mundo artificial que contamina com seu veneno até o último átomo.


Serpente: Qual sua presa?


Zaratustra - Minhas presas preferidas são a moral de rebanho,  a promessa de um mundo melhor no futuro, tanto da ciência como da religião. Precisamos viver o agora com força, sem culpa, enfrentar as tragédias como afirmação da vida.   



Águia - Minha espécie não tem moral, pois conhecemos que a única verdade do universo é o instinto, a força.



Serpente - Concordo. Inclusive li um de seus filosofemas caro Z., companheiro de viagem, achei muito interessante e adequado o vosso aforismo: "Aquilo que não me mata, só me fortalece". Achei muito apropriado a nossa espécie...



Zaratustra - Bem meus caros amigos, sinto muito em comunicar que vou ter que deixá-los, pois preciso mais um tempo junto ao imitador rebanho servil ( imitátprés, servúm pecus), necessito de mais elementos sobre o Pathos-Cristão para melhor elaborar a transmutação de todos os valores humanos. Senti-me tão a vontade entre meus iguais - difícil me despedir....




Comecei o caminho inverso, abandonei a caverna que me deu guarita e as Águias e Serpentes que me fizeram  companhia. Descendo a montanha em direção a cidade, comecei a lembrar que havia dinamitado todas as pontes. Tinha vindo com o proposito de me afastar da mediocridade, dos parasitas da razão, da moral, do cristianismo, da mulher que me havia rejeitado. Na realidade, o devir vai repetir o passado e o presente - É o Eterno Retorno... Pensamentos autocríticos começaram a me perturbar,  pois sentia no fundo da minha alma que a estada na montanha tinha sido inútil.
Estava me tornando um hipócrita, com efeito, queria os prazeres mundanos: álcool, narcóticos e prostitutas. As Cefaleias haviam se agudizadas, não ia mais sofrer, me tornar um estoico, um cristão me penitenciado, enquanto os prazeres me ofereceriam um paliativo....
Resolvi abandonar qualquer projeto filosófico e me deixar levar pelo prazeroso rio de Heráclito, que no seu fluir dissolve todas as metafisicas, todas as morais e constrói uma ontologia do prazer, da carne, da vontade de potência...  

Friedrich Nietzsche:
There are no facts, only interpretations.

domingo, 18 de agosto de 2024

Blockbusters + enlatados americanos é parte da rotina, a dubiedade dos símbolos que ainda fazem a respiração funcionar, apesar da péssima qualidade do ar

Sinto-me um gordo assintomático com um copo de plástico com guaraná & vodca na mão esquerda & imiscuído na subcultura do entretenimento - imposto pelo capitalismo para nos manter ignorantes, enquanto poucos usufruem da mais valia, do lucro do sangue. Blockbusters + enlatados americanos é parte da rotina, a dubiedade dos símbolos ainda fazem a respiração funcionar, apesar da péssima qualidade do ar da city porto-alegrense. Já não bastava o ar impuro dos últimos governos tories-tupiniquins-bolsonaristas, retro reacionários, veio a enchente. Estou perdido dentro da autoajuda felicitaria da merda convencional da mídia gauderia. Vamos pra cima rio grande mais uma forma de disfarçar a incompetência que dominou o estado. Pesquisem quem se beneficia com a namoradinha do "liberalismo" Grupo RBS & seus companheiros de empreendimento do sugar linfático do povo do RS, nos tornando presas fáceis das bactérias, vírus, parasitas e fungos do agronegócio, sistema financeiro & empresariado de largo espectro. Eles querem manter o status-quo, o subterfugio da extrema direita de reprimir, alienar a população...



Abro a basculante da cozinha escura y a chuva grossa acalma a noite pesada como rivotril & o álcool analgesiam o corpo e a mente. As cantatas de Beethoven são a trilha do esplín infinito que rasga o ramerrão. A madrugada introduz os pesadelos convulsionando o entorno do pensamento, enquanto nos becos escuros drogas & mortes se multiplicam. Navalha na carne, sangue no papel no cinema, teatro, poesia & cemitérios. A poesia maldita francesa coloca seu manto em meu dorso, ainda respiro em trevas imaginárias y reais. Os carnívoros ironizam o veganismo. Marcho peremptoriamente em direção uma solução universal ao planeta deletério que é aqui & agora. Saúdo toda escuridão, a todos os entrevados... Levante as taças em homenagem a perna decepada de Rimbaud and Apollinaire & sua cabeça enfaixada após ferimento na têmpora. Sentimos a falta das verdadeiras prostitutas & o prostibulo literário de Paris, regado a absinto y que tais... Voilà o mundo da matéria escura...


The End mais o sofrimento é eterno
Carpe Diem...


LOBO DA TÂSMANIA
  Thylacinus Cynocephalus
&
O DEMONIO HUMANO






O vídeo abaixo traz a reflexão sobre a desesperança estampada no último ser de uma espécie, que foi  dizimada pelo maior e mais terrível  destruidor do Planeta.  Não que a evolução seja  maligna em si mesma, porém o lobo ou tigre da tasmânia viu o predador mais implacável do planeta bater na sua porta. O bípede implume que Platão chama de racional, traz consigo um rastro de terror e destruição aos que compartilham o mesmo planeta.  A evolução do homo sapiens deu-lhe ferramentas além de suas necessidades de ser, possibilitou a devastação na terra.  A ganância do ter, da propriedade, do possuir - acumulando objetos além de suas necessidades, consequentemente, privando outrem.




Vejo a coisa-em-si se manifestando no fenômeno do último ser da espécie Thylacinus cynocephalus.  O tigre da Tasmânia em sua forma prestes a se extinguir diante de um invasor e opressor  sanguinário. O Lobo Marsupial abre sua alma para ecoar pela eternidade das devastações humanas.  O tribunal dos colonos advindo das longínquas terras da rainha não demorou a dar seu veredicto, condenou o lobo da Austrália Insular, baseado na ignorância e na avidez de lucrar do capitalismo a vapor. É o mesmo espirito que dizimou as populações indígenas, os búfalos na América, que colocou crianças a trabalhar por mais de doze horas nas suas fabricas de moer carne humana.

 

A foto impressiona, expressa o animal encurralado, angustiado, subordinado aos caprichos do invasor que imputou a culpa sem direito a defesa. Na retina da vitima está impresso o matar pelo matar do invasor, a diversão de caçar como faziam com as raposas na Ilha da Honrosa Rainha. Nos cérebros humanos há lógica, justificativas para depredar, para abater por abater. Pensam: "Se encarceramos o nosso próximo, se matamos a nós próprios para conseguir mais riquezas, usufruir de mais conforto; nós que somos superiores, atestados pelo livro sagrado, então,  outros seres inferiores são apenas detalhes da nossa escalada ao poder". Nada é empecilho para a filosofia de acumular riquezas. Animais serão dizimados. Especies serão extintas e até mesmo o  melhor amigo poderá ser traído para que objetivos sejam alcançados. 


 


Thomas Hobbes:
 "O homem é o lobo do homem"



LOBO DA TÂSMANIA - Thylacinus Cynocephalus & o Demônio Humano: Thomas Hobbes: "O homem é o lobo do homem" & de Todo Planeta..

  



 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

 



Life is fragmentary and Irrational
MÉ ON ~~~~~~~~~~~~ ONTOS ON




Passou pelo epifenômeno, ou seja, pela rede neuronial que suporta o que chamamos de pensamento. Foi como alguém batesse na porta e ao atender, ao abrir nos deparássemos com o nada ou com fragmentos de realidade - que teríamos que montar de acordo com nosso corpo biológico, junto a eletricidade e a química que o habitam. Sendo mais preciso, as ciências e as filosofias (no plural para justificar o título) buscam a unidade, como o cavalo tenta alcançar a cenoura pendurada a sua frente, num haste amarrada ao seu corpo. Well, o Positivismo de Comte se gabava de ter chegado ao ápice do desenvolvimento do homem, a Sociologia seria a Unidade de todas as ciências, depois de uma demorada evolução do Mito à Religião, da Religião à Metafísica, da Metafísica à Ciência e finalmente o Positivismo.  




Hodiernamente -  Ciência tenta unificar a Teoria da Relatividade de Einstein com a Teoria Quântica para Termos a compreensão total do universo (Teoria das Cordas). Einstein não admitia um mundo diversificado, relativizado perante a compreensão do universo,  não aceitava que Deus se divertisse em Las Vegas: - "Deus Não Joga Dados" - disse certa vez. Era o Inimigo nº 1 da Física Quântica e tentava derrubar a Teoria da Incerteza de Heisenberg - com cálculos, que cada vez mais ratificavam a mesma - Sua abordagem sobre  o Efeito Fotoelétrico é um exemplo. Einstein não era um cientista convencional, suas equações nasceram de sua imaginação. Num ato virtual viajava a velocidade da luz - paralelamente e em movimento contrário a uma descarga elétrica, sua mente fértil, o sonho em vigia foi a base da Teoria da Relatividade na qual tentava provar um mundo estático.



Tentando pegar o fio de Ariadne para escapar do labirinto, o homem paga até hoje a estrutura do seu primeiro pensamento organizado. O Mito foi o fundamento, a configuração que se estabeleceu nos neurônios  para escapar das incertezas que a natureza (inclusive o Homem) - Através dos fenômenos impingia ao bípede implume. A Morte do Minotauro não iria reparar as injustiças que derivam das artificiais escalas de valores construídas sob o medo do desconhecido. O Bem e o Mal só existem na axiológia, na moral e na ética, que foram fabricadas com o intuito de  num primeiro momento dar conforto ao ser que começava a repetir os movimentos da natureza - e, num segundo momento, por uma escol, para dar suporte a uma estrategia de dominação do homem pelo homem.




A natureza humana tem verdadeira ojeriza por fragmentação, apesar de sua individualidade ser uma organização fragmentaria que tende para o espalhamento. A consciência é um quebra-cabeça montado pelas vivências prestes a ser implodidas e inseridas no jogo irracional da natureza, que desconhece a pretensão unificadora humana. Não temos nada - nenhuma pista, vestígio de deus, de racionalidade na natureza, senão na virtualidade inconcreta da rede neuronial,  que dá suporte a  metafísica. A Unificação em qualquer forma como no holismo, em deus e no ser especial homem não encontram eco no fluxo no universo concreto - que nos é apresentando nas nossas vivência acumuladas na consciência ou na inconsciência.




CARPE DIEM


Pegando o título do Poema de  Horácio convoco a todos que aproveitem o dia, não percam tempo em contrariar a natureza, apenas sigam seu fluxo, naveguem no rio de Heráclito. Deixem as uvas amadurecerem, aproveitem o açúcar natural ao sol ou  as macerem, as deixem  fermentar e virar  líquido nobre. Saboreiem o vinho numa noite em que o céu límpido mostre todo o esplendor em algum lugar inexplorado. Convoquem para uma unificação provisória as percepções, os sentidos, deixem a embriagues de Dionísio tomar conta do seu ser, pois está é única forma de anular o sofrimento, a passividade diante a máquina sociológica, econômica que não cansa de moer carne humana...



 

terça-feira, 6 de agosto de 2024

 

Maxikoan - Cosmic abyss



A primeira vez que pensei em combinar as palavras que constituem o Título deste Maxikoan¹ foi um dia depois, em plena ressaca, depois de beber duas garrafas de vodka. Os pensamentos que habitam minha mente selvagem se aprofundaram depois que li o Filosofo Alexius Meinong. Bertrand Russel de início se encantou com os filosofemas de Meinong, mas depois de uma análise mais profunda as rejeitou. Meinong pensava que tudo que se passa na rede neuronial (pensamentos) deve existir em algum lugar do Universo. Bertrand, um lógico inglês, desprezou as implicações coerentes de Meinong e deixou seu pragmatismo Anglo-saxão predominar.


Voltando ao Epígrafe:  Abismo Cósmico é a situação que os meus pensamentos livres e desencardidos de antropomorfismo baratos e piegas - se lançam em busca de uma suposta "Verdade". Parménides de Eléia, um filosofo Pré-Socrático, traduzia a "Verdade" pelo conceito certeza. Tanto foi assim, que valorizava a ponto de chegar a oferecer todos os tesouros do mundo em troca de uma tábua que o salvasse do oceano das incertezas no qual se debatia. Com efeito, o conceito "verdade" percorreu longo caminho no pensamento da humanidade. A "verdade" foi o mito, foi a religião, foi a metafísica, foi a linguagem e "pós-modernamente" é a relatividade do observador, embora a maioria dos cientistas perturbados pela fuga do foco no objeto (como Karl Popper demonstrou), e, coetaneamente, iniciamos mais uma busca atravessando o rio de Heráclito, onde tudo flui: - PANTA REI...

Foi num dia de indisposição alcoólica que veio a cabeça este Maxikoan - o qual titulei Abismo Cósmico; Ecoava, reecoava dentro do meu cérebro como trovões de uma tempestade tropical em pleno Caribe. Como já escrevi - estava de porre - olhando a movimentação das moléculas da superfície de um copo de água. Foi neste momento, que tive um insight, assim - como Frijot Capra olhando as ondas do mar. A intuição alcoólica levou minha imaginação a percorrer o cosmos, a penetrar em singularidades de buracos negros, penetrar em universos paralelos por meio de buracos de minhoca, a viajar pelo universo a velocidade da luz em cima de um Fóton. Este exercício imaginativo resultou em uma pedagogia que resolvi conceituar como Maxikoan.



O Maxikoan intitulado > Abismo Cósmico rejeita qualquer dogma ou axioma, mas trabalha com métodos de qualquer natureza, porém, apesar de fluir sua ação dentro desta ferramenta e partir de princípios e axiomas, contudo não os consideram como pétreos, ou seja, a partida do método é somente aonde os pés dos Maxikoans se apoiam para logo depois descartá-los se for o caso. Nada é determinado, a não ser o próprio homem e o resto do universo. A contradição é o motor, o coração para o desenvolvimento do Maxikoan, pois tanto é possível pegar elementos de Parménides como de Heráclito (a imobilidade e a Fluidez, respectivamente) e esta é essência do nosso método-pedagógico. O informe é trabalhado, talhado com o objetivo de torná-lo acúleo - para penetrar no circuito neuronial e na cinética caótica - para que  brote uma nova "verdade", sempre provisoria, desafiadora de todos os dogmas e princípios, móvel e escorregadia. 



O que os cientistas temem é o aprofundamento filosófico da ciência, por um simples motivo: A principal ferramenta utilizada por eles é a Matemática que tem na essência as relações, a relatividade. Embora saibam, inconscientemente, que o foco do objeto está diluído no observador, na subjetividade -  tampam os olhos para esta irremediável incerteza, fluidez da "verdade", da objetividade, da ciência. Nietzsche em um dos seus aforismo foi contundente: "- Não Existem Fatos, apenas interpretações" ....



O Maxikoan Tem esta fluidez, a eterna "verdade" provisória,o rio de Heráclito que nunca  mais vai ser o mesmo; a imobilidade de Parmenides em junção com as aporias de Zenão de Eléia (O Quelônio vencerá a Corrida?), que congelarão a superfície do Rio, mas que não impedirão a fluidez das águas profundas. O Maxikoan titulado Abismo Cósmico é união do deus dançante de Nietzsche com o deus imanente de Espinosa; é dialéctica levada as últimas consequências no movimento da palingenia, no mito de Tântalo - tentando romper a circularidade, a pré-determinação da natureza, mas sem ilusão que um dia a humanidade venha conseguir este intento....

Horácio, Odes:²
Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
 
  

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

 

Maxikoan: Look Your Coccyx...



O homem não tem cauda...
Não por ser especial ou criatura de um ser perfeitíssimo, fora do tempo e do espaço, mas pela evolução.



Foi no meu último sonho metafísico, que Nietzsche e Darwin estavam parados numa esquina de Londres, provavelmente, aonde Jack Estripador seguiu o método cartesiano  e separou as partes dos corpos de algumas de suas vitimas. O dia estava livre do fog britânico, a cinzenta London estava iluminada por raios de sol. Darwin e Nietzsche apoiados na parede de tijolos a vista, rabiscadas por grafiteiros e com marketing de cervejas grudadas na sua verticalidade. O Filosofo tomava uma guinness apesar da sua repulsão ao álcool e o Biólogo bebericava algum vinho da região do rio reno. Discutiam intensamente se a vontade de potência ou a mutação eram responsáveis pela dinâmica dos seres vivos, do universo:



D: - Acho que seu Übermensch só seria possível por meio de uma mutação.

N: - Certamente, a mutação de todos os valores, a transformação da moral seria baseada nos genes, na mutação genética. Seu suporte seria físico, pois desmanchei o racionalismo hegeliano e a metafísica a marteladas, mas hoje o genes do super homem ainda não existe, talvez tenha se perdido para sempre no homem grego na época da tragédia.


D: - A evolução não leva a nenhuma mudança radical, apenas adapta a vida a novas exigências do meio. 

N: - Isto é o cristianismo que criou uma moral dos fracos para sobreviverem num mundo aonde a vontade dos fortes, da besta fulva vai se impor.

D: - Repito. Somente por meio de uma mutação será possível que sua filosofia, que a vontade de potência e o Übermensch vão vingar.

N: - Os gregos antigos não precisavam de deuses para suportar suas desgraças, era a vontade pura da natureza, as forças do universo que os mantinham prontos para rirem de suas tragédias...

D: - Se você tem certeza disso, eles foram um ramo da humanidade que se extinguiu, assim como lobo da Tasmânia, os dinossauros e outros tantos.

N: - As Civilizações tem ciclos de Apogeu e decadência, os gregos não fugiram a esta palingenesia, ainda mais quando sofreram a influência do judaísmo, da moral dos fracos. Platão foi o fundador do cristianismo com seu mundo imaculado das ideias que acabaram com o vigor da cultura, do homem forte grego.





Nietzsche e Darwin avançaram pela tarde com o dialogo. O lusco-fusco já se aproximava, os dois estavam embriagados. O filósofo ficou com o farto bigode intumescido pela cerveja, enquanto o biólogo secava os últimos goles da essência do reno. Os dois começaram a observar o movimento de idosas anglicanas com seus trajes rigorosos irem na direção da abadia de Westminster: 




N: - Pobre rebanho servil e imitador, acreditam que serão salvos pela fé, que existe um outro mundo melhor. Concordo com Marx quando escreveu que a religião é ópio do povo.

D: -  Imitatorum Servum Pecus....

Nietzsche puxou pelo braço Darwin e se puseram a seguir um grupo de religiosas. Quando se aproximaram da Abadia, os dois começaram a gritar para as senhoras saídas da era vitoriana, dignas do século XIX:

 - Olhem seu cóccix... 
 - Olhem seu cóccix... 
 - Olhem seu cóccix...

Riram muito, ainda mais, quando as  velhas carolas  se puseram a correr, pensando se tratar de dois bêbados celerados ou até quem sabe os dois estarem possuídos pelo demônio. As senhoras entraram correndo no templo, pois ali estariam protegidas pela fé. O filosofo e o biólogo estavam languidos de tanto gargalharem. A noite chegou  e os dois se despediram com um breve dialogo:

N: - Foi um dos melhores dias de minha existência, só comparados  com minha estada no sul da europa.

D: - Concordo... Fazia muito tempo que não me divertia tanto, lembrei as brincadeiras dos marujos do beagle que enfureciam o capitão.

N: - Então vamos para casa, enchendo os pulmões e gritando a pleno - Nietzsche inspirou e vociferou: - Olhem seu cóccix... Olhem seu cóccix...

D: - Olhem seu cóccix... Esta é muito boa...

E assim ao som de enormes risadas infernais o sonho metafísico se desfez....
 

  As emoções que me contaminam - vivem pararelamente na nebulosa de boomerang. ("A nebulosa do Bumerangue é conhecida como o lugar mais...