sexta-feira, 14 de junho de 2024

 


A menina das horas infindáveis, das perguntas infinitas - proferidas da sarjeta: - Que horas são?






A menina das horas infindáveis, das perguntas infinitas - proferidas da sarjeta:


- Que horas são senhor?



Sua voz meliflua carregava uma estridente "verdade". Paradoxos. Quem ouvia. Sentia uma pressão enorme na "consciência". O doce e o amargo. A Estética agridoce:



- Que venha a morte. Que o espaço se curve ao infinito. Que minhas palavras se perpetuem como ondas e matérias. Que black holes me engulam. Que chegue o Big Crunch. Gostaria de falar de amor - Se ele existisse...


Mistura de física e sagacidade de alma. O sol tépido, o ar de enxofre e carbono - Eram deletado pelas árvores. Estava por uma bola sete. O preconceito era maior que a simplicidade expressa em sua pergunta:

- Que horas são Senhor, Senhora? 

E a sarjeta gordurosa e cloacal suportavam seus pensamentos baseados na imaginação de um mundo diferente, não melhor, somente diferente... Não lipídicos, apenas doentes-saudáveis... Com pensamentos não comprometidos com a realidade pré-determinada. O universo digital não suporta a ilusão analógica. Prefere o virtual manipulável ao mundo irreal  da "realidade"... 

- Que horas são?

E da sarjeta refinava toda sua ironia. & homens e mulheres passavam mudos. Inoperantes humanos... E a vida se preservava num limite em que os bípedes implumes pueris  - Desconheciam. Não temos estilos do Status Quo... A "verdade" nos chama de esgoto não tratado.... Enquanto bebemos o sangue do universo... 

- Sinhô, Sinhá... Que horas São?

E, assim, a garota das horas infindáveis passava o dia & a noite. Rolhas, tampas metálicas e plásticas espocavam outra realidade, um estado ideal fora do cotidiano.

- O mal é o que sai da boca. O que entra é a salvação. Temos limites... Alguém compreende? 

E a dança de dionísio continuava pelos séculos desde o oriente. A menina das horas infindáveis descendia dos ditirambos selvagens e grunhidos. O Mundo visto da sarjeta era caótico, perigoso e inesperado.

- Que horas são Senhor?

- Não pretendo ver minhas moléculas se desintegrarem sem uma utopia. As sarjetas que separam os homens. Que classificam as classes sociais. São minha casa, minha quimera, minha demência saudável.

- Que  horas são Senhora?

E os infinitos se sucediam. A garota das perguntas infindáveis era eterna na marginalidade  das Américas perdidas da Beat Generation, do sol  Hemigway  - The Sun Also Rises.  Os sinos não dobram mais pelos inocentes. A garota beijou a sarjeta sem saber que horas eram...



 

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