sexta-feira, 24 de maio de 2024

De Hormônios, Succubus & Nirvana

 

 

Maxikoan - "I have nothing to offer anyone except my own confusion" - Kerouac





De Hormônios, Succubus & Nirvana




A sólida água turquesa deslizava na solidão dos pensamentos absortos no que chamamos simplesmente vida... O álcool, eterno companheiro de viagens diversas, ajudava a levar o corpo incorpóreo aos mares de calmarias e tempestades do índico milenar e sagrado. A morte vagava ao redor como um elasmobrânquio na sua inocência cruel. A esperança consome o tempo útil de absorção na mais terrível hermitage erguida, que contamina a eletricidade que rasga o córtex. O Universo  agora dialoga com a tabela periódica do corpo sacro, da ciência, das células que dão vida, consomem e deletam, mas sem tirar ou acrescentar nada ao universo, apesar do movimento visceral.  Os temporais severos deslocam o devaneio que singra por oceanos de ilusão no pensamento selvagem, que afasta as relações humanas. Sinto a tenebrosa rejeição humana fundamentada em seus deuses de moedas.  O ser humano, uma invenção metafísica preenchida pelo consumo da alienação, presumido na vontade concreta dos objetos, projeta o inexistente deus como o fiador de suas propriedades, de seu ódio ao semelhante e ao planeta e para sua sociedade de classes e escravismo. O ramerrão segue nas artérias imponentes e burguesas. O sangue espalhado pelo aço e concreto se espraia  nos miasmas modernos das ovelhas humildes e submissas. O manto maldito cobrindo o corpo solitário, manchado com o pseudo vinho tokay/tupiniquim, vela as estratégias de um plano irracional de destruição.  A atmosfera soturna estimula os hormônios-succubus, levando ao esgotamento das energias que brotam nas vivencias prazerosas. O pesadelo se insinua eterno no fugaz pulsar dos sólidos que se desmancham no ar.  Os poros expelem fluidos tóxicos proibidos pelas falsas leis humanas. A desesperança é a base para resistir as investidas da massiva impregnação dos objetos da aldeia global policial. O nada comporta e acalma todas as incertezas que infestam a realidade-ilusão do formigueiro humano. O nada do fluido azulado em que destroços oportunizam uma equidistância do nirvana, da índia mistica com todas as contradições, onde o que parece ser nem sempre é....



 

quinta-feira, 23 de maio de 2024





Garota de Long Beach










Garota de Long Beach...

Sunrise... Sunrise... Sunrise...

Caminhar... Caminhar... Caminhar...



Caminhar nos Desvios de Los Angeles

Com feições orientais na aurora dourada da califórnia;

Descansar nas areias de long beach

Com vomitos de Cerveza del Pacifico...




Estranhos, navios, paraísos, alcool, magia...

Tudo é possível no perpétuo sol de Long Beach...

Garota...

Andar... Andar... Andar...

Nas longas areias brilhantes da ensolarada califórnia...




A eternidade solar nos pertence ...

No amanhecer de Longe Beach...

Você é uma garota maluca de um sonho dentro de outro

Ao infinito...



 

domingo, 19 de maio de 2024

 

Maxikoan - Existência Nauseada - by Eros Thanatos



"Why is there something rather than nothing? "  Martin Heidegger



Quando tive o primeiro contato com o existencialismo, um dos seus autores - Jean Paul Sartre - já havia falecido. Estava na puberdade, os feromônios, os poli-hormônios espocavam nas glândulas do corpo em rebelião. Havia uma revolução em cada aminoácido, uma revolta em cada célula. Precisava de uma filosofia, de sexo, de esportes, de drogas, de álcool... nada era suficiente para deter a revolução da revolução que habitava os neurônios. A biblioteca pública ajudava o aplacamento da fúria, quase incontrolável - desejos de motins contra o estabelecido, contra o status quo. As tardes ocorriam e transcorriam nas paginas de Nietzsche, nos Deuses de Epicuro, nas escassas informações de maio/68 - o estaleiro para atracar a nau da revolução latente.



Foi num outubro quente, na feira do livro de Porto Alegre, embaixo dos jacarandás floridos, depois de consumir infinitas cervejas, no saudoso bar central, que contatei Sartre. Estava nas caixas de saldo o livro: A Náusea. Fiquei pensando sobre qual o conteúdo das páginas. Seria algum personagem alcoólatra de ressaca ou simplesmente alguém enojado da sociedade capitalista. Puxei algumas cédulas da minha jaqueta Lee e fiquei a sopesar. Compraria o Livro ou tomaria mais algumas cervejas. Resolvi fazer ambos, surrupiei o livro e tomei mais cervejas virando as páginas do filosofo existencialista na mesa de um bar. Foi assim que comecei a ler Sartre, e foi assim que contaminei meus pensamentos com a liberdade e o ateísmo Sartriano; porém estava no mínimo 30 anos atrasado... 



Jean-Paul Sartre escreveu: "O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram de você". Em Outras palavras, o existencialista queria dizer, você tem um certo grau de liberdade, de livre-arbítrio, você pode vencer a sociedade e inclusive mijar no túmulo do Chateaubriant. Sartre era considerado um intelectual sujo, junkie, um contumaz consumidor de álcool, coridrina, mescalina e outras drogas. Suas contradições inundavam as posições políticas e a filosofia, pois ao mesmo tempo defendia a liberdade do individuo e apoiava a extinta União Soviética Stalinista, que esmagava a singularidade em nome da coletividade. Sartre foi um errante aos olhos da ortodoxia, porém a própria esquerda tradicional que lhe criticava tinha seus fundamentos na contradição, na dialéctica, no movimento incessante da historia, ou simplesmente, na existência, no existencialismo.


Hodiernamente, sou um Roquentin. Tenho náuseas de tudo, da sociedade, dos esportes, do álcool, das drogas. A minha náusea começa quando acordo, quando estou em vígil e vai até o momento em que durmo. Tenho ataques de vômitos e enjoos full time. Não encontro nenhum porto seguro em que possa ancorar o niilismo, a nadificadão da existência, mas Sartre não é o único responsável para a tendencia ao nada. O pessimismo se agudizou ainda mais no momento que abri livros de Heidegger e descobri o homem autentico. A vida é sem sentido, é aleatória, apesar de pensarmos que temos poder de mudar alguma coisa. O homem autentico sabe que nasceu para morrer, que não tem nada de especial, apenas tem uma linha de tempo biológica que se extinguirá em algum momento da sua existência. O pensar é a tortura ininterrupta que o córtex impõe, a náusea é a essência do pensamento, quem pensa deve saber, estamos sós e morreremos sós por mais que alguém tente buscar uma salvação, uma transcendência.





Um dos Filósofos que Sartre se influenciou foi Heidegger que perguntava:


- Porque Existe o Ser e Não o Nada?

Na realidade existe o ser em busca do nada ou o homem tentando preencher o nada com a superfície da existência fora do seu âmbito biológico, do seu âmbito intelectual, mas isso é apenas um passa-tempo, uma manobra diversionista para driblar o futuro-nada ou o sem sentido da vida.... O filosofo existencialista sentiu o nada, mergulhou no nada antes de morrer. Tomava porres imensos nos cafés parisienses, abusava de soníferos, ficou cego. Podemos dizer que foi um Édipo do século vinte. Descobriu o enigma da existência e mergulhou na caverna profunda e densa do nada. Seu último pensamento deve ter sido: "A luz ou a escuridão não importa, quando pela atividade intelectual descobrimos a única eternidade acessível ao homem, ou seja, O Nada....







 

 

OBSERVATIONS OF SPRING







OBSERVATIONS OF SPRING  








Setembro Abril


I


Os pássaros cantam impunemente e procuram uma parceira sexual. Os feromônios valorizam as cores, os tons  e as plumagens diversas. Mas sempre há o outro lado, felinos e viperinos ficam na espreita dos ninhos das inocentes aves. As flores multicoloridas desabrocham, os insetos entram em plena atividade, polinizam a natureza e posam sobre o esterco mal-cheiroso e dejetos industrializados pela sociedade. Mulheres e homens não fogem a regra, a luminosidade, o perfume primaveril e o clima propício exaltam a sexualidade humana, o "amor"; mas também é verdade que o ódio, os crimes e a discriminação se manterão ou até se agudizarão. Enfim é Primavera...

II



Sentado embaixo de uma macieira com um livro de Bukowski, numa primavera perdida no tempo, tive um insight: "Realmente o Velho Safado está certo em dizer que a primavera era a melhor época para perambular de cidade em cidade e tomar porres homéricos e escrever na ressaca sua prosa escatológica"; depois em mais uma passagem, fui obrigado a concordar novamente com o Bêbado Libertário: "A Democracia Americana (isto serve para qualquer país) é verdadeira, mas nas eleições nos oferecem para escolher duas opções: Merda Quente ou Merda Fria"... contudo não deixemos abater pela política, os bares da América esperam nossas gargantas secas...

III




E a revolução dos anos 60, de maio/68, a paz e amor dos hippies e o modo junkie de viver da geração beat, hipster  não sobreviveram. O mercado se impôs, o capitalismo venceu e o sonho acabou; hoje somos uma mercadoria controlada pelas estatísticas dos sistemas, dos governos... Temos que conviver com Tea party, Com o GOP, com a PIG e retrógrados políticos que usam a religião para oprimir minorias e exaltar seus preconceitos. Os dogmas religiosos habitam a  mente de jovens  republicanos americanos ou tucanos-democratas brasileiros e da periferia partidária adesista que se alimentam do evangelho.... Mas é primavera... Não vou deixar estes pensamentos sombrios e soturnos me contaminar, vou entrar no primeiro bar e comungar com todas as primaveras - sejam árabes, climáticas, musicais ou metafóricas....


IV




Ao que tudo indica era nas primaveras que a velha Europa se livrava dos degradados, dos miseráveis, dos hereges. Simplesmente embarcavam pessoas como sacos de cereais em fedorentos navios na direção do novo continente. Com isso, conseguiram melhorar sua economia, dar mais luxos aos seus reis absolutistas e saquear a América. Os indígenas foram dizimados, assim como os búfalos selvagens. Os rios foram poluídos, florestas devastadas e tudo em nome do progresso e do cristianismo. Para uma exploração mais radical cometeram um crime ainda mais horrendo, foram arrancar os africanos de seu território: - Chicotearam, escravizaram, assassinaram tudo em nome Deus, da evolução, da liberdade... O Velho Continente nos deixou um grande legado de destruição, de intolerância e devastação humana e ecológica. Bem, é primavera, é tempo de viver... vou até o Bar mais próximo...

V







Foi na primavera passada que resolvi pegar a estrada, era um longo caminho rural e por todos os lados plantações de soja, milho e trigo transgênicos:

- Aonde está a primavera?

Nada mais é natural, tudo é gmo/ogm, são derivados de petróleo ou silício. Resolvi então ligar a televisão e achar um antigo filme do Tarzan - para poder reviver verdadeiros tempos primaveris, já que no planeta está difícil de encontrar a natureza natural. Fui para a Internet e consultando o Dr. Google sobre quem era responsável por tanta Artificialidade, Alterações na Natureza? - ele não teve duvida e respondeu:

- São a  Monsanto, as Transnacionais de todas as espécies, a Bayer, as Petroleiras, as grandes redes de Varejo, enfim todos nós que permitimos todo estes descalabros contra o planeta e a humanidade...

Mas, enfim. é primavera....



THE END


 

BONNIE AND CLYDE - THE TRUE AMERICAN FREEDOM




Nos meados do século vinte, pelas artérias de piche da America do Norte, a verdadeira liberdade se manifestava nas entranhas sombrias  dos rincões ou na exposição moderna do arranha-céu das cidades eletrificadas. Os cidadãos na sua confortabilidade ignoravam ou torciam o nariz arrebitado, protestante, puritano e branco para Bonnie & Clyde. Os libertários na mais pura concepção do ideal.

A audácia  de liberdade, a coragem de enfrentar o estado, os conservadores, os fundamentalistas religiosos, o governo e as instituições financeiras; com uma mistura de livre iniciativa e contestação ao sistema moedor de carne humana, colocaram em xeque o mega sistema opressor; Bonnie & Clyde se uniram para desafiar um país que começava a ficar preso a regras burocráticas e a um esquema que iniciava  cortar as asas da águia que voa acima dos planos medíocres do conforto e acomodação burguês, que mergulha livre e soberana em direção à batalha pela existência sem concessões as castas feudais e aristocráticas do velho mundo europeu;


Não era mais tempo de desbravar a America, voar rumo aos desafios de outrora e sim usufruir a riqueza acumulada, viver no conforto mesquinho da classe media e hibernar como um urso que acumulou gorduras, que abdicou da caça para ficar confortavelmente numa toca a espera de um clima menos desafiador;

Bonnie & Clide, o destemido casal, cuspiu balas com metralhadoras, acordando o animal que hibernava na tranquilidade de sua caverna; o matracar das armas de fogo causava ojeriza aos protegidos pelo estado e pelo sistema financeiro, talvez os libertários representem os movimentos atuais contra a exploração, a alienação e as falcatruas que os grandes conglomerados transnacionais executam contra a população que vê seus impostos serem devorados pela fraude econômica-financeira;


Colocaram em risco o ícone do capitalismo - os bancos; Bonnie & Clyde distribuíam a riqueza acumulada baseada na exploração do sangue indígena, do sangue negro, dos imigrantes; usaram as mesmas ferramentas que a sociedade americana idolatra, mas que foi congelada nas geleiras de todos os sistemas burocráticos;

Livre-iniciativa, ousadia, rebeldia e coragem, eis o que o casal libertário articulava para obter uma liberdade que justificasse a existência, mesmo sabendo do risco iminente de perda da vida;
os símbolos da grande nação apropriadora estavam ameaçados no seu âmago, na sua potente máquina de expropriar almas, de alienar consciências; mas as forças retrógradas não podiam mais adiar a eliminação da ameaça, pois sabiam  que seus antepassados usaram as mesmas ferramentas para desbravarem  e erguer a grande nação do norte;


Os crânios conservadores e fundamentalistas do capitalismo estavam perturbados; urgia imobilizar um grande aparato para deletar Bonnie & Clyde, pois eles evocavam  os primevos homens do oeste com seu ímpeto de inovação, de aceitar desafios, de se rebelar contra o estado de coisas de uma sociedade que começava a envelhecer como na velha e esclerosada Europa; o exemplo de achar soluções não convencionais para passar obstáculos, eis o perigo que não poderia contaminar a grande classe media adormecida no seu razoável conforto;

Sempre a história é contada pelos vencedores, com mais ênfase quando se elimina os adversários; mas essa epopeia inefável iria sobreviver, não pelos escaninhos da história formal, mas sim pela teia popular que ainda conserva a admiração em homens que tentam se desacorrentar das galés que escravizam a existência autêntica; que gosta do espirito audaz, da alma que desbrava e revoluciona, que emerge do sangue polimerizado do povo americano; e basta uma nota, uma palavra, uma situação que desperte a ousadia adormecida trancafiada pelo sistema burocrático-financeiro para que  tudo possa ressurgir com todo seu vigor como o movimento OCCUPY de todas as matizes...


O homem tem prazo de validade, tudo é efêmero no universo...  Era apenas mais um dia sem sentido nos fétidos pântanos da America convencional, quando o creme retrógrado da sociedade conspira com o aparelho conservador do estado não se ouve o canto dos pássaros, somente o chocalhar do guizo da serpente viscosa e peçonhenta;



Nas veias da America libertária voavam as águias na sua liberdade incondicional - Bonnie & Clyde - foram crivados de balas numa emboscada digna de terroristas, neste momento a liberdade deu um adeus ao grande irmão do norte, não restava mais esperança - os búfalos foram dizimados, os índios exterminados, os negros aprisionados em fazendas de algodão, em leis discriminatórias; não se tinha mais a liberdade de andar sem documentos costa a costa, sem apólice de seguro, sem passaporte, sem marketing, sem cartão de crédito - o sonho americano se reduziu a papeis-prisões, a grades de procedimentos convencionais e burocráticos que emperra  o espírito empreendedor...

O PAÍS DAS TORTAS DE MAÇÃ NÃO TOLERARIA MAIS A VERDADEIRA LIBERDADE...





  As emoções que me contaminam - vivem pararelamente na nebulosa de boomerang. ("A nebulosa do Bumerangue é conhecida como o lugar mais...